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FolhaPress

Polícia de Minas Gerais começa a identificar golpistas em acampamento

A corporação não informou se a a ocupação dos pontos tem relação com a decisão do STF

Foto: Leonardo Augusto/Folhapress

A Polícia Militar de Minas Gerais iniciou nesta segunda-feira (9) a identificação de bolsonaristas golpistas em manifestação em frente ao quartel do Exército em Belo Horizonte e a ocupação do que considera “pontos sensíveis para manutenção da ordem pública” no estado.

Apesar de já ter contado com dezenas de bolsonaristas diariamente ao longo dos últimos dois meses, na manhã desta segunda apenas oito pessoas estavam em frente ao quartel do Exército, na zona oeste da capital.
A corporação não informou se a a ocupação dos pontos tem relação com a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de remover acampamentos da frente de quartéis do Exército após a invasão e depredação do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal no domingo (8).

“A Polícia Militar de Minas Gerais informa que monitora, por meio da Diretoria de Inteligência, todas as movimentações no estado e que pontos sensíveis já estão sendo ocupados pela instituição para manutenção da ordem pública”, diz o comunicado.

Uma mulher que chegava ao local tentou fugir da PM quando lhe foi pedido o documento de identidade. Ela disse que não iria participar do protesto golpista e que, na verdade, seguia para um hospital que fica na região.

A mulher passou a enviar áudios pelas redes sociais pedindo ajuda dizendo que estava sendo presa. Ao longo de meia hora em que os militares insistiam para que se identificasse, ninguém apareceu em resposta aos seus ape.
Por fim, ela se identificou aos policiais e foi em um veículo para uma UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) que fica na região. Um carro da polícia seguiu o veículo.

Uma operação da prefeitura na última sexta (6) retirou lonas, barracas utilizadas para distribuição de comida e bebida, cadeiras, mesas e um banheiro químico colocados em frente ao quartel pelos golpistas.

A justificativa da prefeitura foi a ausência de licenciamento municipal para a instalação. Duas barracas cobertas com plástico preto foram colocadas depois da operação e permaneciam em frente ao quartel nesta segunda. Ambas foram recolhidas pelo setor de fiscalização urbana nesta segunda.

Outra mulher de pé no canteiro central da avenida Raja Gabaglia, que passa em frente ao quartel, gritava “venha para a rua salvar sua família do comunismo” a quem passava pela região.
As reações eram variadas. “Doida”, disse um motorista. “Vai pra casa”, gritou outro. Havia também que passava e buzinava, em sinal de apoio.

O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), afirmou na sexta que a agressão a um repórter fotográfico do jornal Hoje em Dia, na quinta (5), também influenciou a decisão de fazer a operação de retirada da estrutura do acampamento.

O repórter, que teve ainda máquina e lentes roubadas, sofreu pancadas na cabeça e passou a noite em observação no hospital. O profissional fazia a cobertura do ato.
Na sexta, dois repórteres também foram agredidos enquanto trabalhavam em frente ao quartel.
Após a operação, um dos bolsonaristas conseguiu decisão em primeira instância garantia para permanecer no local, posicionamento que foi revisto pelo STF na mesma data.

DESERTO

Já no Centro Histórico de Porto Alegre, a Praça Padre Thomé, vizinha ao Comando Militar do Sul e sede do acampamento golpista desde o final das eleições, amanheceu nesta segunda-feira vazia e com acesso restrito a militares, controlado por dois soldados. Às 10h30, quatro bolsonaristas conversavam do lado de fora dos gradis.

Ao longo da semana passada, eles foram impedidos de armar barracas e cadeiras, vagando pela região.
Na noite de domingo (8), animados com as invasões em Brasília, alguns deles voltaram a se reunir na praça, mas foram dispersados até a manhã.

O Governo do Rio Grande do Sul nada disse sobre o acampamento, mas reforçou o policiamento nos arredores do Palácio Piratini e da Assembleia, a 800 m dali. Em uma rede social, o governador Eduardo Leite (PSDB) prometeu usar forças de segurança para evitar fechamentos de vias e de rodovias e assim “garantir a livre circulação de mercadorias, veículos e pessoas”.

Por Leonardo Augusto e Caue Fonseca

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