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FolhaPress

Artista francês faz pintura gigante para lembrar tragédia de Brumadinho (MG)

A obra foi feita sobre o campo de futebol do Córrego do Feijão, local usado como base dos helicópteros de resgate

Foto: Divulgação/Saype

Uma megapintura em memória à tragédia de Brumadinho (MG), representando duas mãos entrelaçadas, foi entregue à cidade neste domingo (24) pelo artista francês Guillaume Legros, conhecido como Saype.

A obra feita sobre o campo de futebol do Córrego do Feijão, local usado como base dos helicópteros de resgate, quando houve o rompimento da barragem em 2019, faz parte do projeto Beyond Walls (além do muros, em tradução livre).

A intenção do artista é ressignificar o local que virou sinônimo de trauma para os moradores. O espaço agora é palco de uma obra de arte, que evoca o dar as mãos por um mundo mais justo.

“Acredito que somente juntos poderemos enfrentar os diferentes desafios que a humanidade tem atualmente. Estou em Brumadinho para mais uma etapa de um projeto que vai criar simbolicamente a maior corrente humana do mundo”, declara Saype.

Brumadinho é uma das 30 cidades escolhidas pelo artista, ao redor do mundo, para receber o projeto.

Desde 2013, Saype pinta enormes e efêmeros afrescos em superfícies gramadas, usando tinta biodegradável, feita de pigmentos naturais de giz e carvão, e usa sua arte para transmitir mensagens com valores sociais.

No Brasil, o artista entregou uma obra parecida na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Agora, em Brumadinho, a megapintura tem por objetivo discutir os impactos da mineração.

“Imagino que seja difícil para as pessoas que vivenciaram o rompimento da barragem do Córrego do Feijão criarem um futuro promissor, e sendo um artista, posso ampliar a voz e apoiar essas pessoas em sua luta”, declara.

Para o artista, a questão da mineração e seus impactos é um problema mundial e muito atual no âmbito da sustentabilidade e cuidado com a vida humana.

Neste domingo (24), ele convidou a comunidade para conhecer o resultado da pintura, onde foi realizado um abraço coletivo.

Há três anos e meio, em 25 de janeiro de 2019, a barragem de Córrego do Feijão, da mineradora da Vale, em Brumadinho (MG), se rompeu matando 270 pessoas.

Quatro ainda não foram localizadas pelo Corpo de Bombeiros, que mantém as buscas na área atingida pelo rejeito de minério de ferro que desceu da represa. A última identificação de vítimas ocorreu em 7 de junho.

Em 2020, o Ministério Público de Minas Gerais apresentou uma denúncia contra o ex-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, e outros 15 executivos e funcionários da mineradora e da empresa alemã de consultoria Tüv Süd. Eles foram acusados de homicídio doloso duplamente qualificado e crimes ambientais.

A representação do Ministério Público foi aceita pela Justiça estadual. Mas, em outubro de 2021, uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) anulou a denúncia, alegando que a competência para julgamento do rompimento da barragem é da Justiça Federal em Minas Gerais.

Em junho de 2022, o STF (Supremo Tribunal Federal) devolveu à Justiça de MG a competência para o julgamento da ação penal contra os 16 executivos da Vale e da empresa de consultoria Tüv Süd.

Com isso, os executivos, incluindo o presidente da empresa à época da tragédia, voltam a ser réus na Justiça mineira.

Em 2021, um estudo apontou que uma perfuração feita pela Vale na barragem no dia da tragédia pode ter causado o rompimento.

Segundo a própria empresa, a ação tinha como objetivo exatamente instalar equipamentos que permitissem uma leitura mais detalhada do nível de água no interior da represa.

Todos os acusados negam que tenham cometido qualquer irregularidade. Em março de 2019, durante participação na CPI aberta pelo senado para investigar as causas da tragédia, Schvartsman disse jamais ter sido informado pela diretoria da empresa sobre qualquer problema com a barragem da mineradora na cidade.

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