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Bombeiros tentam evitar avanço do fogo em refúgio de onças-pintadas no Pantanal

O incêndio começou em uma fazenda particular próxima ao parque no dia 1º e foi se espalhando até atingir o parque, no dia 7

Conhecido por ser um dos principais refúgios de onças-pintadas do mundo, o Parque Estadual Encontro das Águas, na região do Pantanal mato-grossense, registra incêndios desde o início do mês. Nesta sexta-feira (20), o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso afirmou que o incêndio agora está confinado em uma área alagada e que cerca de 30 militares atuam no local para impedir o avanço do fogo.

Aviões fazem o despejo de água ao longo do dia para diminuir a intensidade das chamas, enquanto os bombeiros acessam a área com embarcações.

O incêndio começou em uma fazenda particular próxima ao parque no dia 1º e foi se espalhando até atingir o parque, no dia 7. De acordo com uma análise preliminar da organização ICV (Instituto Centro de Vida), o fogo já atingiu, até esta sexta, uma área de 10 mil a 15 mil hectares.

O parque está localizado entre os municípios Poconé e Barão de Melgaço e, há 3 anos, sofreu um incêndio devastador, que marcou a região do Pantanal. Em 2020, ele teve mais de 90% de sua área total atingida pelo fogo, segundo o ICV.

Morador de Poconé, o guia de turismo e fotógrafo da vida selvagem Erisvaldo Almeida divulgou um vídeo em suas redes sociais em que é possível ver parte do incêndio na vegetação do parque e também uma onça-pintada ofegante, abrigada embaixo de uma árvore.

Em outro vídeo feito pelo morador, há um jacaré morto, com marcas de queimadura. Ele disse à Folha que as duas cenas foram gravadas na última quarta-feira (18).
Coordenador de projetos da ONG Panthera Brasil, Fernando Tortato afirma que o impacto agora está “mais localizado”.

“Nada comparado a 2020, que foi uma dimensão muito maior. Agora é um impacto principalmente para pequenos vertebrados e invertebrados. Já as onças têm esta mobilidade, esta possibilidade de deslocamento muito maior. Então elas conseguem escapar do fogo”, explica ele.
Hoje há de 80 a 100 onças-pintadas vivendo na região do parque, segundo a ONG.

O tempo é outro fator que colabora para amenizar a situação, segundo Tortato. “A gente já teve algumas chuvas, a vegetação já está mais verde. O fogo não está propagando tão forte como seria no pico da seca, em agosto ou setembro”, avalia.

“E a gente tem esperança que venham mais chuvas nos próximos dias para controlar esse fogo. Porque a região é de difícil acesso e o combate é muito complexo.”
Tortato acrescenta que, apesar de o fogo estar mais concentrado em uma área desta vez, as frequências dos incêndios chamam a atenção e preocupam a longo prazo.

O comandante do Batalhão de Emergências Ambientais (BEA), tenente-coronel Marco Aires, afirma que quatro equipes de fiscalização do uso do fogo se deslocaram nesta sexta para a região.

“Ainda estamos em Período Proibitivo do Uso Regular do Fogo [que começou em 1º de julho e se estende até o final deste mês], por isso vamos enviar estas quatro equipes para verificar se há criminosos na região. Iremos multar os responsáveis”, diz Aires.

O engenheiro florestal Vinícius Silgueiro, coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, diz que medidas de combate aos incêndios precisam ser implementadas “com toda força e urgência por parte do estado, mas também são necessários esforços de fiscalização e responsabilização pelos causadores” do fogo.
“Os efeitos que estamos vivenciando do El Niño, com altas temperaturas e possibilidades de chuvas escassas ainda neste mês, aumentam o risco”, destaca.

Por Catarina Scortecci

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