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Caso POSTALIS/Correios: Por que colocar rombo de 7 bi no bolso do trabalhador e não cobrar BNY/Mellon?

Na última quarta (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com os representantes de fundo de pensão no Palácio do Planalto, em Brasília

O caso POSTALIS/Correios explodiu nacionalmente na última semana após a veiculação do Estadão de que a estatal assumiria a dívida de R$ 7,6 bilhões do fundo de pensão.

Com os títulos: Correios assumem dívida de R$ 7,6 bilhões para socorrer Postalis de prejuízos do governo Dilma, e Responsável por acordo, atual chefe dos Correios, foi advogado do Postalis, o Estado de São Paulo – o Estadão – divulgou, no último dia 20/8, que a atual gestão dos Correios “selou o acordo para quitar o rombo nas contas do Postalis antes do fim das ações sobre o caso que tramita na Justiça, para cobrir metade do rombo do plano de aposentadoria que parou de aceitar novos participantes em 2008”.

Pela legislação (lei 109/2001), a conta deve ser dividida igualmente entre a empresa patrocinadora e os participantes. Metade do valor total do déficit, de cerca de R$ 15 bilhões, será paga por funcionários da ativa que são participantes do BD Saldado, por aposentados e pensionistas da estatal que recebem benefícios do Postalis.

Depois de noticiado pelo Estadão, o assunto veio à baila. Nos bastidores políticos, parlamentares, tanto da Direita quanto da Esquerda, comentam a questão.

O senador e presidente nacional do Progressistas, Ciro Nogueira (PP/PI), condenou a decisão da atual gestão dos Correios de firmar um contrato de confissão de uma dívida bilionária no fundo de pensão Postalis.

“Moral da História: com o PT, o crime não apenas compensa. Recompensa. O dinheiro que o governo diz que está faltando para setores básicos para a população está jorrando para cobrir rombos de escândalos do passado. Aliás, dos Correios, onde tudo começou”, disse Ciro Nogueira, em seu perfil da rede social X (antigo Twitter).

Na última quarta (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com os representantes de fundo de pensão no Palácio do Planalto, em Brasília, para pedir que invistam o dinheiro dos Fundos de Pensão PETROS, PREVI, FUNCEF e POSTALIS no PAC do Governo. O encontro aconteceu na esteira de problemas registrados pelo Postalis e causou um alvoroço nos participantes.

O portal Mais Brasília (MB) cobre o assunto desde o início do mês de agosto, e já esmiuçou, em três reportagens (a primeira publicada em 9/8), partes do processo de 4.327 páginas, (nº 0006949-35.2015.4.01.3400), que conta o caso POSTALIS/Correios e envolve a cobrança, pelo Fundo de Pensão, de uma dívida chamada de Reserva Técnica do Serviço Anterior – RTSA, que os Correios suspenderam o pagamento de ‘forma estranha’ em 2014, com fortes indícios de decisão política, fazendo uma “pedalada” e metendo a mão no dinheiro dos trabalhadores, em valores próximos de R$ 1 bilhão. Somente para cobrir o rombo no balanço dos Correios de 2013, que fecharia no vermelho após muitas décadas. À época, a notícia do rombo colocaria em uma situação ruim o governo federal que passaria por uma eleição presidencial. Com essa medida cruel, os Correios fecharam o balanço no azul, com R$ 9 milhões. E a conta sobrou para os trabalhadores dos Correios pagarem.

O processo é antigo, iniciou-se em 2015. E corre na 7ª Vara Federal DF, com a juíza Luciana Raquel de Moura, que não deu decisão até o momento. (Veja aqui uma das reportagens do MB, um editorial – Caso POSTALIS/Correios: Porque relações pessoais de gestores, segundo estatuto da própria estatal, podem configurar conflito de interesses, gerando improbidade administrativa).

Mas, por que o assunto é tão importante? Simples, porque no final das contas, quem paga é o povo. Quando os Correios – que é empresa 100% pública – desembolsam dinheiro para cobrir um rombo, quem na verdade paga esta conta é a população brasileira. Primeiro, os participantes pagam. Depois, o povo paga.

Traduzindo para aqueles que não são funcionários dos Correios e desconhecem o assunto. O Postalis é um fundo de pensão, uma previdência particular dos empregados dos Correios, que aceitava participantes até o ano de 2008. Os participantes são os trabalhadores, os servidores concursados dos Correios. Esse rombo bilionário, de R$ 7,6 bilhões, já está e continuará sendo descontado, em parcelas salgadas, do bolso de cada um dos mais de 78 mil trabalhadores, aposentados e pensionistas; muitos deles são carteiros e atendentes das centenas de agências dos Correios espalhadas pelo Brasil, que trabalharam a vida toda, e agora,  quando mais precisam do amparo de uma aposentadoria, estão arcando com um rombo que não causaram.

Quando um acordo é selado, o processo judicial termina.

No caso POSTALIS/Correios, a Superintendência de Previdência Complementar -PREVIC, que é o órgão fiscalizador dos fundos de pensão, estava de olho na falta de um Plano de Equacionamento no BD Saldado do Postalis, pendente desde 2015, negligência esta que aumentava o déficit do Postalis todo ano e, o passo acertado para resolver tal pendência, inclusive cometida pelo interventor da PREVIC, que ficou responsável pelo Postalis de outubro de 2017 até dezembro de 2019, foi assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

O TAC foi assinado em 2020, pelo ex-presidente dos Correios, o General Floriano e o General Paulo Humberto, presidente do Postalis, durante o governo Bolsonaro. Naquela época, os Correios estavam na lista das privatizações, era uma das estatais na mira do governo para ser privatizada.

Ocorre que o governo mudou. Os Correios então saíram da lista das privatizações. Mas o processo continua lá no Senado. A atual gestão da estatal está sob o comando de Fabiano da Silva Santos, desde 2023, um advogado que atuava no Grupo Prerrogativas, que defendeu a soltura de Lula e que prestava serviços ao Postalis.

Então, por que selar um acordo, assinar um Termo de Confissão de Dívida, em fevereiro de 2024, que concorda com um TAC produzido no governo anterior? Por que não permitir que o processo continuasse tramitando na Justiça como os inúmeros processos que existem em toda estatal, que demoram meses, anos a fio? Por que não cobrar judicialmente os responsáveis pelos rombos do Postalis? Por que jogar a conta bilionária nas costas dos trabalhadores dos Correios, aposentados e pensionistas para eles pagarem mediante desconto no holerite ao invés de ir atrás dos verdadeiros culpados, citados no Relatório Final da CPI dos Fundos de Pensão, PF e do Ministério Público Federal (MPF)?

Ao Estadão, os Correios disseram, por meio de sua assessoria, que a operação foi “realizada em atendimento às normas do setor e após um rigoroso processo de aprovações junto aos órgãos competentes”. A atual gestão da estatal também disse ao jornal que “vem trabalhando para reduzir o déficit que foi causado, em grande parte, por conta de decisões ruins tomadas no processo de privatização da estatal” (em referência à gestão Bolsonaro, que tentou desestatizar a empresa), enterrado pelo governo Lula 3.

Durante o processo de produção das reportagens narrando a saga do caso POSTALIS/Correios, o portal MB tentou, por reiteradas vezes, conseguir respostas das assessorias da presidência da Estatal e do Postalis, sem sucesso. Numa destas pautas, à caça de respostas, a reportagem entrevistou o professor e advogado Wagner Balera, proprietário do escritório Balera que, no processo, está como responsável pelo Postalis, neste caso. À reportagem do MB, Balera disse que o TAC contraria a AGU.

 

CONSELHEIROS ELEITOS POR TRABALHADORES VOTARAM CONTRA: 

Mas o imbróglio da assinatura do Termo de Confissão de Dívida não para por aí. Porque para o acordo ser selado/assinado pela presidência, ele precisa ser votado como parte do Plano de Equacionamento previsto no TAC, por um conselho: o Conselho Deliberativo do Postalis. Este conselho é formado por 3 conselheiros eleitos pelos trabalhadores dos Correios (participantes do fundo) e 3 conselheiros indicados pelos Correios – Patrocinador do Postalis. E, entre os conselheiros indicados pelos Correios, um deles é o presidente de todo este Conselho Deliberativo, e ele tem o voto decisivo em caso de empate na decisão da matéria. Este conselheiro-presidente é indicado pela presidência dos Correios. No final das contas, então, o presidente dos Correios, acaba sendo, por tabela, co responsável por quaisquer questões relativas à entidade Postalis.

Os conselheiros eleitos pelos trabalhadores – Edgard de Aguiar Cordeiro, Marcos Antônio Sant’Águida do Nascimento e Caio Flávio Felix de Oliveira – votaram contra, quando da votação inicial do Plano de Equacionamento do PBD, em julho de 2021, e depois referendada pelo conselheiro Anézio Rodrigues, quando foi eleito na vaga de Sant’Águida e a matéria voltou ao Conselho para ratificação. Coube então ao conselheiro-presidente desempatar o caso, votando a favor do acordo.

O portal Mais Brasília (MB) teve acesso a uma das atas de reunião deste conselho – a Ata da 9ª Reunião Extraordinária do Conselho Deliberativo do Postalis (COD) 2021. Nela, constam alguns dos votos dos conselheiros e algumas explicações.

Segundo o voto contrário dos conselheiros, “as duras reduções nos benefícios e o aumento da contribuição extra afetam diretamente o poder aquisitivo dos trabalhadores e aposentados dos Correios porque reduzem o valor mensal recebido e ainda aumentam a contribuição extra paga, retirando dos trabalhadores um dinheiro depositado mensalmente, por muitos anos, no Plano de Benefício, configurando uma injustiça sem precedentes”, pontuou uma das fontes ouvidas pelo MB.

Para além do acordo, a questão dos rombos no fundo de pensão POSTALIS está longe de terminar. Existe uma Ação Civil Pública de 2018 movida pelo Ministério Público Federal (MPF) de SP contra o BNY Mellon. A ação cobra do banco BNY mais de 8 bilhões de reais pelos prejuízos gerados no Postalis de 2010 a 2016, que tramita lentamente na justiça.

O POSTALIS também moveu uma ação contra o BNY Mellon em 2015 (0006949-35.2015.4.01.3400) para que o banco o pagasse os prejuízos que causou e como, dezenas de outros, não teve decisão até o momento. Ano passado, 2023, associações como a ADCAP e os sindicatos dos trabalhadores dos Correios foram nos Estados Unidos e fizeram uma manifestação na porta do BNY, junto com os carteiros americanos.

O BNY Mellon tem sido acusado de ser o responsável por prejuízos de mais de 8 bilhões aos fundos de pensão dos trabalhadores dos Correios. Em 2024, aqui no Brasil, os sindicatos foram à porta do BNY Mellon, no Rio de Janeiro e em São Paulo, para cobrar esses prejuízos. Mesmo como todas as ações e estas medidas, o banco se mantém inerte e se finge de morto para os prejuízos bilionários que gerou aos trabalhadores dos Correios.

Por que então a presidência dos Correios não esperou a tramitação das ações? Por que não se dispõe ajudar o POSTALIS a recuperar esse valor contra o BNY Mellon? Os Correios estão nas ações, mas não como parte ativa.

Entre 2021 e 2022, o Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPDF) colocou em mesa de negociação o POSTALIS e o BNY Mellon.

Foi sugerido um acordo de 400 milhões, mas o acordo não teria sido aceito pela Diretoria do Postalis na época, já que o valor representava próximo de 5% dos prejuízos que o banco teria dado ao fundo de pensão dos trabalhadores dos Correios.

Se o BNY pagar esse prejuízo, nem os Correios e nem os participantes teriam/terão que arcar com os prejuízos.

 

ENTENDA QUEM PAGA O QUE: 

Este valor de R$ 7,6 bilhões de reais é a parte que os Correios pagarão, dentro do Plano de Equacionamento do PBD, o chamado PED 2020, que por lei a empresa paga 50% do déficit e para isto assinou um Contrato de Confissão de Dívida, que é um título executável.

Destes 7,6 bilhões de reais, a empresa vai pagar R$ 2.323.749.698,73 em 30 anos, que é o montante equivalente que os Correios pagarão em valor igual às reduções de benefícios que teremos nos benefícios do Plano BD, como parte do Plano de equacionamento. A outra parte, de R$ 5.275.804.050,87 a empresa vai pagar de forma vitalícia, que é o mesmo % que os Participantes ativos e aposentados pagarão como contribuição extra de 23,21%. Assim, todo mês os Correios pagarão uma parcela que cabe à empresa dentro destes montantes, hoje prevista em torno de R$ 30 milhões.

 

ETAPAS DO PLANO DE EQUACIONAMENTO:

Em 22 de novembro de 23, passou a vigorar as reduções de benefícios do BD: pensão por morte foi reduzida para 50%, pecúlio por morte foi eliminado e, o pensionista atual passou a pagar 37,42 % de contribuição extra e o aposentado e o futuro pensionista passou a pagar 23,21% sobre seu benefício mensal.

No holerite de fevereiro de 2024, foi implantada a nova contribuição extra que subiu para 23,21% e, que será vitalícia.
Neste ano de 2024 haverá a cobrança de até 75% no 13º dos aposentados e sobre o valor do BPS do ativo.

 

ENTENDA OS DESCONTOS: 

Assim, estes 7,6 bilhões de reais, já estão contabilizados no balanço do Postalis e não irão eliminar as reduções de benefícios.  Também não será possível eliminar a cobrança de até 75% de contribuição extra que os participantes terão no 13º dos aposentados no valor do seu benefício e, dos ativos, que será cobrado sobre o valor do seu BPS, cujo desconto está previsto para ocorrer no pagamento do 13º em dezembro/24.

O valor das contribuições extra (23,21%) e normal (8,7%) é recalculado em abril de cada ano (a próxima deve ocorrer em 04/2025), com base na receita que entrar no PBD, na rentabilidade que ocorrer nos investimentos do Plano no encerramento de 2024 e ainda levando-se em conta as hipóteses adotadas pelo Postalis para o PBD, como a tábua de mortalidade, o% de entrada em invalidez, a idade média da entrada em aposentadoria, a taxa de juros aplicada, etc.

Assim, em abril de cada ano, com base nestes fatores, o Postalis avaliará se mantém as reduções de benefícios implantadas ou até mesmo se precisa ajustá-las, para mais ou para menos, tudo com o objetivo de ter recursos para pagar benefícios, enquanto todos viverem.

Desta forma, este dinheiro de 7,6 bilhões já está contabilizado e as reduções de benefícios só poderão ser amenizadas, se houver novas recuperações de valores; como os recursos desviados pelo Banco BNY Mellon e outros casos e/ou o pagamento da dívida da RTSA, que os Correios suspenderam em 2014 e, também do alcance de uma boa rentabilidade nos investimentos do PBD.

Diante desse cenário, uma pergunta se torna inevitável: por que não há uma cobrança efetiva sobre o Banco BNY Mellon, apontado por diversas autoridades (CPI dos Fundos de Pensão, MPF, Polícia Federal, etc.) como o grande responsável por desviar bilhões de reais dos recursos do Postalis, valor que foi contabilizado como déficit e cobrado dos trabalhadores?

 

MANIFESTAÇÃO DE SINDICALISTAS CONTRA O BNY MELLON, EM NOVA IORQUE: 

À época, durante a manifestação em frente às portas do BNY Mellon, o vice-presidente da FINDECT, Elias Diviza, afirmou o seguinte:

“Este ato é uma mensagem clara de que não aceitaremos que os direitos dos trabalhadores sejam desrespeitados e o futuro de suas aposentadorias continue em risco. Queremos que o mundo saiba sobre as perdas massivas que os trabalhadores dos Correios enfrentaram devido às ações do BNY Mellon.”

Marcos Sant’Águida, presidente do sindicato do RJ e também diretor da FINDECT, ressaltou:

“Não descansaremos até que o BNY Mellon reconheça sua responsabilidade e tome medidas para corrigir essa situação.”

Anézio Rodrigues, diretor de finanças da FINDECT, destacou:

“O BNY Mellon deve assumir sua responsabilidade pelos prejuízos causados aos fundos de pensão dos trabalhadores dos Correios. Estamos aqui para buscar reparação e garantir que isso aconteça e que a categoria possa desfrutar de uma aposentadoria digna.”

José Aparecido Rufino, diretor e representante legal da FINDECT nos EUA, concluiu:

“Esta mobilização é uma demonstração de que nossa força está também fora do país e que nossa atuação em defender os interesses dos trabalhadores não vai parar até que haja reparação. Continuaremos lutando incansavelmente por justiça, não importa onde seja necessário.”

Ronaldo Leite, secretário de relações internacionais da FINDECT, representou também a CTB nacional nos EUA, avaliou que a mobilização que envolveu lideranças sindicais de todo o mundo:

“Agradecemos o apoio e coordenação da UNI Postal & Logística nas atividades em Nova York, nós da FINDECT vamos continuar essa luta por reparação e justiça, o BNY Mellon não pode passar impune por tantos prejuízos causados aos trabalhadores dos Correios”, concluiu.

 

CADÊ A COBRANÇA DOS CORREIOS AO BANCO BNY MELLON?

Segundo sindicalistas, há falta de iniciativa em cobrar a punição dos responsáveis pelo rombo do BD Saldado, situação que contrasta, por exemplo, com revelações da empresa publicadas na coluna Painel, da Folha de São Paulo, em 8/8/2023, com o título: “Sob Lula, Correios vão à Justiça nos EUA para recuperar R$ 6 bilhões do Postalis”. Na matéria em questão, o atual presidente dos Correios, Fabiano da Silva Santos, afirma:

“Já estamos com dois corpos jurídicos conversando, o nosso e o do Postalis. Vamos fazer todos os esforços aqui e nos EUA.” E continua: “Se fosse dinheiro do banqueiro, ele [o banco] não teria feito isso. Mas como era dinheiro de um terceiro, dos trabalhadores, foi feito dessa maneira.”

O MB aguarda explicações da Diretoria dos Correios, porque não ajuizou tal processo? É de se estranhar, já que a empresa já está pagando metade do déficit do Postalis em R$ 7,6 bilhões, enquanto enfrenta déficit em suas contas próximo de R$ 800 milhões, com fortes riscos à sua sobrevivência.

Na última segunda-feira (26), a FINDECT publicou um editorial com o título Correios e Postalis: A verdade sobre a dívida bilionária e o impacto nos trabalhadores, aposentados e pensionistas. O texto pressiona: “até os dias atuais, nenhuma medida foi adotada pelos Correios contra o banco, e os trabalhadores dos Correios aguardam ansiosamente por tais providências, na esperança de que, um dia, este banco americano seja responsabilizado pelas grandes dores causadas a todos.”

O texto ainda chama a atenção “para a falta de ações concretas nesse sentido por parte dos Correios, uma vez que é a empresa que indica, e sempre indicou no passado, os dirigentes que são acusados de dezenas de crimes no Postalis, gerando prejuízos bilionários. Isso levanta dúvidas sobre os verdadeiros interesses por trás dessa omissão.” Para a federação, a pergunta que precisa ser respondida é:

“Por que as autoridades não estão cobrando de forma incisiva aqueles que contribuíram para esse déficit? Qual é o real interesse por trás dessa passividade?”

Enquanto isso, nos bastidores nos Correios ventila-se a informação de que será feita, brevemente, uma nova nomeação para a Diretoria de Investimentos do POSTALIS. Até agora, não houve nenhuma dança das cadeiras entre os cargos do Instituto.

 

NOMEAÇÕES NOS CORREIOS:

Ao passo que, nos Correios, um novo assessor especial foi nomeado pela presidência: Maurício Marcellini Pereira. A nomeação saiu nessa última terça-feira (27).

Em 2016, Maurício Marcellini chegou a ser preso temporariamente como suspeito pela Polícia Federal (PF) por fraude a fundos de pensão, numa das frentes da Operação Greenfield. Ele era um dos diretores de Participação Societária e de Investimentos do Funcef (Fundo de Pensão dos Funcionários) da Caixa Econômica Federal (CEF).

 

PRESIDÊNCIA DO POSTALIS: 

Na última sexta (23), a redação entrou em contato com o atual presidente do Postalis, Camilo Fernandes dos Santos. O portal pontuou a Camilo os seguintes questionamentos:

1) Porque as ações demoram tanto? Há muitas delas que foram ajuizadas em 2015.
2) Qual o valor dos contratos com os escritórios?
3) Por que o jurídico do POSTALIS não toca os processos pessoalmente sem contratação de escritórios terceirizados?
4) Por que o POSTALIS, segundo os sindicalistas, até hoje não ganhou nenhuma ação e não recuperou nenhum centavo, já que os crimes parecem evidentes?

Por mensagem, o gestor disse à reportagem que procurasse a assessoria. O portal MB, para produzir todas as reportagens acerca do Caso POSTALIS/Correios buscou, reiteradas vezes, tanto à assessoria de imprensa do Postalis, quanto à assessoria de imprensa dos Correios. A assessoria de imprensa do Postalis respondeu que, em breve, encaminhará à redação uma robusta nota explicativa sobre o caso.

 

NEGOCIAÇÃO NO TST E FIM DA GREVE: 

No último dia 21/8, terça-feira, em uma reunião de mediação com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), a Findect conseguiu avanços para a categoria dos trabalhadores dos Correios, colocando fim à greve iniciada em 7/8, em 11 estados – Acre, Alagoas, Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins, Rio Grande do Sul, Bahia, Paraíba, Sergipe e Ceará -,  com 40% das atividades paralisadas.

Nas conquistas deste acordo estão a redução do prazo de 90 para 60 dias para o relatório do plano de saúde, a antecipação do Vale Peru para setembro, a garantia na cláusula do ACT de contratações via concurso público em dezembro de 2024 e os ajustes na gratificações de férias.

No último dia 16, a FENTECT, que representa sindicatos dos estados que não aderiram à greve, fechou um acordo coletivo com a empresa, em que também houve conquistas aos trabalhadores. Agora, nesta terça (27), a Comissão de Ética do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Estado do Rio de Janeiro (Sintect-RJ), em editorial veiculado em site da instituição, afirmou que “voltará a se reunir nos próximos dias para dar continuidade à apuração das denúncias envolvendo um associado acusado de assinar o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2023-2024, sem corrigir diversas cláusulas, o que ocasionou sérios prejuízos para os trabalhadores”.

 

RÁDIO PEÃO, CHÃO DE FÁBRICA E BATIDA DA RECEITA FEDERAL: 

Enquanto o Planalto e os parlamentares acompanham os desdobramentos do Caso POSTALIS/Correios, bastidores da ‘rádio peão’ no chão de fábrica dos Correios estão acalorados. Comenta-se principalmente acerca de um fato que ocorreu em julho, no Terminal de Carga dos Correios no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. A área é um recinto alfandegário internacional.

Numa ‘fiscalização de rotina’ da Receita Federal, credenciais de 26 gestores dos Correios foram cassadas. Eles foram impedidos de entrar no prédio e, posteriormente, transferidos para outros locais, sem perder a função. Um processo interno foi aberto para averiguar a situação. Segundo os trabalhadores da base, o que comumente se chama de ‘chão de fábrica’, apenas um único gestor do local não teria sido afastado pela operação da Receita Federal.

Após ter recebido inúmeras denúncias acerca do caso, o portal começou a checagem. Durante essa checagem, o portal contatou a assessoria dos Correios, sem sucesso.

A reportagem também procurou por gestores em Guarulhos, em Brasília, chefias da área de segurança, de operações, de logística. Alguns dos procurados respeitosamente informaram ao portal que: “Por gentileza, assuntos inerentes aos Correios peço que contate a assessoria de imprensa”.

Até agora, o MB está avançando ao poucos neste material, porque comenta-se que este processo interno é sigiloso.

Servidores que, porventura entrarem no sistema dos Correios para tentar acessar o processo, deixam suas matrículas visíveis neste sistema, o que pode ocasionar até uma punição severa, caso um processo seja sigiloso, caso existam ali segredos da empresa. Ninguém sabe o que consta ao certo neste processo referente ao caso acima citado, que os funcionários dizem ser robusto, sigiloso, recheado de áudios, depoimentos, fotografias, etc.

Para além destes ‘comentários da rádio peão’, o Terminal de Carga dos Correios em Guarulhos também enfrenta problemas com clientes do exterior, que também já passaram pelo local, e por outros locais de distribuição da estatal, como o caso da W Prime Express Corp.

A empresa diz enfrentar problemas com o desaparecimento de mercadorias. Em janeiro deste ano, a empresa encaminhou um documento aos Correios em que solicita “uma investigação sobre o desaparecimento de caixas nos Centros de Tratamento dos Correios no Brasil.”

O Mais Brasília deve acesso a este ofício encaminhado aos Correios, em 8 de janeiro deste ano, em que a W Prime Express Corp disse:

“Vimos por meio deste ofício formalizar a nossa solicitação de investigação sobre o desaparecimento recorrente de caixas nos Centros de Tratamento dos Correios no Brasil. Tal fato vem ocorrendo desde setembro de 2023 e causa grande preocupação à W Prime Express Corp., empresa americana com a qual os Correios mantêm uma parceria operacional desde 2018. Anexamos a este ofício uma relação detalhada das caixas cujo paradeiro não pôde ser identificado, totalizando 280 pacotes/caixas. Ressaltamos que este inusitado e recorrente incidente de extravio de pacotes gera prejuízos financeiros consideráveis para nossa empresa, além de comprometer a confiança dos clientes em nosso serviço, afetando diretamente nossa reputação nos Estados Unidos. Somos uma empresa comprometida com a excelência e a seriedade em nossas operações, e seguimos todos os procedimentos padrão, desde a montagem dos pallets até a identificação e lacração dos mesmos para envio. Inexplicavelmente, parte do conteúdo de alguns pallets, devidamente identificados e lacrados, simplesmente desaparece após sua chegada aos Centros de Tratamento. Diante do exposto, solicitamos que esta situação seja tratada com a urgência e a seriedade que merece, visando a: identificação das falhas no processo logístico; implementação de medidas corretivas imediatas; apuração de responsabilidades. Acreditamos que uma investigação rigorosa e transparente é essencial para solucionar este problema e garantir a continuidade de nossa parceria com os Correios.”.

A redação entrou em contato com o CEO da empresa, nesta quarta (28), para saber de todo o caso, que será brevemente narrado aqui.

Conforme as regras do jornalismo, o MB insistentemente tem procurado a assessoria de imprensa dos Correios. Mas, até a publicação dessa matéria, novamente, o portal não obtive resposta.

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