Frequência de meninas ao médico é 18 vezes maior que a dos meninos
Entidade quer que jovens do sexo masculino frequentem urologistas
Pesquisa inédita feita pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) com dados do Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde revela que o número de consultas de meninos adolescentes, de 12 a 18 anos, ao urologista é 18 vezes menor que o de atendimentos de ginecologistas a meninas da mesma faixa etária.
Em 2021, foram registrados 189.943 atendimentos femininos por ginecologistas na faixa etária de 12 a 18 anos, contra 10.673 atendimentos masculinos por urologistas nessa mesma faixa etária. Em 2020, foram 165.925 atendimentos de meninas por ginecologistas e 7.358 atendimentos de meninos por urologistas.
Ampliando o levantamento para a busca por atendimento médico, as meninas entre os 12 e os 19 anos vão quase duas vezes e meia a mais ao médico que os meninos da mesma idade. Números de 2020 do Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) do Ministério da Saúde revelam que o acesso das meninas entre 12 e 19 anos ao SUS foi quase 2,5 vezes maior que o dos meninos: 10.096.778 de meninas, contra 4.066.710 de meninos.
Independentemente da faixa etária, o homem procura menos o médico para consultas de rotina, o que faz com que ele tenha uma expectativa de vida de menor. “As mulheres vivem, em média, sete a dez anos mais do que os homens. A gente percebeu que isso ocorre porque o homem não procura fazer os exames necessários, como as mulheres fazem”, disse o presidente da SBU, Alfredo Canalini, à Agência Brasil.
Para os médicos, não adianta fazer campanha apenas para o homem adulto, já que esse comportamento é reflexo de toda uma história de vida que começa logo depois que o menino larga o pediatra.
Canalini afirma que, ao contrário das meninas, que as mães levam à ginecologista para serem avaliadas tão logo entram na adolescência e menstruam, os meninos “ficam meio à deriva”. “O adolescente do sexo masculino não vai ao médico”.
VemProUro
Neste mês, a SBU realiza a quinta edição da campanha #VemProUro, que enfatiza a importância de o menino ir ao médico na adolescência. Este ano, a campanha aborda a relevância dos cuidados com a saúde genital e reprodutora e visa, principalmente, os pais, para que tenham consciência da necessidade de levar não só as filhas, mas também os filhos, a um atendimento médico preventivo – e não apenas quando ficam doentes.
A campanha se engaja ainda na luta contra os cânceres provocados pelo HPV, incentivando os responsáveis a levarem seus filhos adolescentes para serem vacinados.
O coordenador da campanha, Daniel Suslik Zylbersztejn, acredita que, com o passar do tempo, a campanha contribuirá decisivamente para uma mudança de cultura de cuidados à saúde dos meninos, equiparando ao que vemos hoje nos cuidados à saúde das meninas adolescentes.
Durante o mês, serão realizadas ações online de esclarecimento à população no perfil da SBU nas redes sociais (@portaldaurologia). No site, a SBU também terá conteúdos voltados para os adolescentes.
Na avaliação do presidente da entidade, é preciso uma mudança de comportamento social. Sem o hábito de ir ao urologista quando jovens, os pais acabam não levando seus filhos homens para exames de rotina. “Investimento em saúde não é tratar mais doença, mas evitar mais doenças. Tratar da saúde de uma pessoa não é só curar essa pessoa quando ela está doente, mas é também prevenir que a doença ocorra”, avalia Canalini.
Segundo o presidente da SBU, para cada R$ 1 gasto em medicina preventiva, economiza-se R$ 5 em tratamento de doenças avançadas. “Esse é um dado bom para a saúde pública porque significa economia do dinheiro público quando se faz um processo de prevenção de doenças e diagnóstico precoce”, alertou.