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Meu partido é o SUS, diz servidor do Ministério da Saúde que presta depoimento à CPI da Covid

Oitiva é importante para a nova fase da comissão, que investiga corrupção na aquisição de vacinas

O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão, Luis Ricardo Fernandes Miranda, servidor do Ministério da Saúde, prestam depoimento, nesta sexta-feira (25/6), à CPI da Covid, acerca das negociações da vacina Covaxin, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech.

Ao chegar na CPI da Covid, Luis Ricardo Miranda afirmou que não teve indicação política para atuar na pasta e que não tem filiação partidária. “Meu partido é o SUS”, disse. Luis Ricardo contou que foi aprovado em concurso público em 2011 e que desde 2018 chefia a área de importação do ministério.

Ele presta depoimento ao colegiado para relatar suspeitas de irregularidades no contrato da pasta com a empresa Precisa para a aquisição de doses da vacina indiana Covaxin.

Luis Ricardo foi convidado após a CPI ter tido acesso ao depoimento dele ao Ministério Público Federal (MPF), em investigações sobre supostas irregularidades no processo de aquisição do imunizante indiano. O servidor disse ter sofrido pressão atípica de superiores; ele também revelou que membros do governo federal articularam, junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em favor da vacina.

O parlamentar, por sua vez, colocou-se à disposição da comissão para participar ao lado do irmão, alegando ter mais informações sobre o caso.

Ricardo Miranda chegou nesta sexta (25/6) dos Estados Unidos, onde estava em missão para viabilizar a importação de doses da vacina Janssen doadas por aquele país, conforme ele próprio relatou à comissão.

Depois de ser suspensa por mais de uma hora, a sessão começou, de fato, às 15h22. Após as apresentações dos depoentes, o deputado tomou a palavra e afirmou que os dois foram expostos pelo vazamento de uma gravação registrada pelo Ministério Público Federal. O parlamentar confirmou o encontro com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para falar da pressão sofrida pelo irmão.

“Não procuramos essa CPI, fomos procurados. Procurei meus colegas parlamentares desta CPI para explicar que o caminho poderia ser muito ruim para meu irmão. A maioria dos problemas ocorreu na semana que antecedeu o encontro com o presidente da República, em 20 de março.”

Luis Miranda disse que, ao procurar Bolsonaro, fez “o que qualquer cidadão brasileiro deveria fazer”. “Não sou policial, não sou promotor de Justiça, não sou investigador. Levei para a pessoa certa, na minha opinião. Presidente olhou nos meus olhos e disse: ‘Isso é grave. Vou acionar o DG (diretor-geral) da Polícia Federal’”, contou.

Para o parlamentar, a decisão tomada por ele e o irmão foi o suficiente para o Brasil não dispender dinheiro público com um imunizante ainda não utilizado. “Se não fôssemos nós, 45 milhões de dólares seriam pagos por uma vacina que até agora não se resolveu e não sabemos se vai se resolver”, apontou.

Houve um bate-boca entre depoentes, senadores de oposição e governistas. O deputado Luis Miranda, então, ameaçou deixar a sessão. “Se for o caso, levantamos e vamos embora. Não acuse que nós estamos mentindo”, disse.

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