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FolhaPress

Modelo é assediada por hóspede em hotel no interior de São Paulo

O medo da modelo, segundo ela própria, era devido ao fato de estar em uma cidade em que não conhecia ninguém e onde um funcionário já havia dito que o assediador era um homem poderoso

Foto: Reprodução/Redes sociais

Uma modelo hospedada em um hotel de Araçatuba, no interior de São Paulo, foi vítima de assédio sexual e gravou a investida do assediador. No vídeo, compartilhado nas redes sociais pela vítima, é possível ver o hóspede se aproximando dela na piscina e dizendo “tô louco para fazer amor com você”.

Samen Santos, 31, desabafou em seu perfil: “Não há idade! Não há hora! Não há lugar! Se um homem se achar no direito de assediar uma mulher, ele vai assediar. Essa gravação foi apenas um trecho de toda a importunação que eu sofri com esse senhor em um hotel na cidade de Araçatuba, no dia 13 de julho”.

Em nota, o Mariá Plaza Hotel disse repudiar “atos de assédio, de qualquer natureza” e que “o hóspede que aparece no vídeo já deixou o hotel e está proibido de fazer novas hospedagens”.
Santos afirmou que na hora ficou paralisada e que, ao ver o vídeo depois, não soube dizer por que não gritou ou agiu de modo mais ríspido com o assediador.

À reportagem, ela contou que atua há 12 anos como modelo e já viajou todo o Brasil a trabalho, mas, apesar de ter vivido algumas situações constrangedoras nas ruas, não houve nada parecido com o que aconteceu no hotel.

“Fui abordada [diretamente] cinco vezes. Nas quatro vezes antes de esse senhor vir até mim, foi por um funcionário do hotel. Na primeira, ele falou: ‘Aquele senhor está afim de você’, e eu respondi, deixei bem claro, que não tinha interesse”, contou a modelo.

Após a recusa, além de bebidas e refeições, o funcionário teria oferecido dinheiro à modelo e perguntado a pedido do assediador: “Qual o teu preço e quanto tu quer?”.

“A situação começou a fugir do controle. Extremamente desconfortável. Na quarta vez, ele disse: ‘Eu não posso não vir falar contigo, porque ele é um hóspede poderoso, importante”, relatou a modelo.
Os assédios ocorreram de forma pública e diante de outros funcionários na entrada do hotel, no restaurante e na piscina.

“Depois do ocorrido, fui para o meu quarto, estava muito chateada, comecei a chorar e meu namorado e minhas amigas [por telefone] me acalmaram. Saí para comprar água e, quando voltei à noite, me senti muito insegura. Fechei a porta com duas cadeiras, acordei em várias circunstâncias, minha família toda preocupada”, contou a vítima.

O medo da modelo, segundo ela própria, era devido ao fato de estar em uma cidade em que não conhecia ninguém e onde um funcionário já havia dito que o assediador era um homem poderoso.
“Os funcionários do hotel viram toda a situação e não fizeram nada. Como não vou ficar com medo? Como não vou ficar insegura?”, afirmou Santos.

No dia seguinte, ela conheceu os clientes da marca para a qual iria fotografar, sentiu-se mais amparada, mudou de hotel e pediu apoio jurídico.

A advogada dela, Andressa Werlang, afirmou que foi feito um boletim de ocorrência por constrangimento ilegal na Delegacia da Mulher da cidade e que o hotel foi notificado para informar o nome do acusado, mas não havia dado resposta até esta quarta (20). “De qualquer forma, vamos providenciar as medidas cíveis contra o hotel e este senhor, assim que identificado”, disse Werlang.

Em nota enviada por seu departamento jurídico, o Mariá Plaza Hotel declarou que por força da lei 13.709/208, sobre a proteção de dados pessoais, o ramo hoteleiro é obrigado a manter sigilo dos hóspedes, mas que essas informações serão repassadas “às autoridades policiais assim que forem requisitadas”.

O Mariá acrescentou que seus “colaboradores são treinados e orientados a respeitar a privacidade dos hóspedes” e que o fato “está sendo apurado internamente e, caso fique comprovado a participação de algum funcionário”, o hotel “tomará as medidas cabíveis”, pois repudia o ocorrido, solidariza-se com a vítima e está “colaborando com as investigações”.

Por Danielle Castro 

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