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FolhaPress

O que deve acontecer após o colapso de mina da Braskem em Maceió

Especialistas dizem que ainda não é possível decretar o fim da emergência na mina

Foto: Reprodução/Braskem

Após o colapso, neste domingo (10), da mina 18 da Braskem, a expectativa de técnicos e autoridades é que a situação do terreno se estabilize sem maiores consequências para outras minas na região ou para os moradores de Maceió.

Especialistas dizem que ainda não é possível decretar o fim da emergência na mina. Com o rompimento de sua estrutura, a tendência é que ela seja preenchida por água e detritos, mas ainda há risco de um desabamento total.
Nessa hipótese, chamada de dolinamento, há risco de abertura de uma grande cratera no local da mina, que ampliaria a área do lago Mundaú. A professora Regla Toujaguez explica que isso ocorre quando o rompimento atinge todo o diâmetro da cavidade.

Nota técnica conjunta divulgada na quinta (7) pelas Defesa Civil municipal, estadual e nacional estima que o dolinamento afetaria uma área equivalente a três vezes a área da mina, que tem um tamanho parecido ao de um campo de futebol, segundo a Prefeitura de Maceió.

Nesse raio estão as instalações da Braskem à beira do lago Mundaú, parte delas já inundada pelo afundamento do solo neste domingo. “Pelos estudos e pela literatura, muito provavelmente a área atingida será na beira do lago”, afirmou nesta segunda (11) o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL).

As instalações da Braskem ainda têm diversas máquinas e veículos, que estavam sendo usados nos trabalhos de preenchimento da mina e agora não podem ser retirados por razões de segurança. Em caso de dolinamento, poderão ser sugados para dentro do lago.

Os equipamentos de monitoramento da mina foram perdidos após o colapso. A Braskem disse neste domingo à ANM (Agência Nacional de Mineração) que está enviando para a área um novo DGPS (aparelho de alta precisão para detectar movimentações do solo).

“Assim que a área voltar a ser observada com a tecnologia apropriada será possível perceber se o solo continua em movimento e, nos próximos dias, com os estudos pertinentes, a dimensão do desastre”, disse nesta segunda a Defesa Civil Municipal.

A partir desse monitoramento, acrescenta, será possível atestar “se o evento se tratou de um rompimento parcial, restrito ao trecho da Lagoa Mundaú, ou de um colapso”.
“Reforçamos que o evento se concentrou na mina 18, sem vítimas, já que a área estava desocupada, e o monitoramento não indica comprometimento de minas próximas”, afirmou o coordenador da Defesa Civil, Abelardo Nobre.

A área residencial adjacente já foi desocupada e as residências, demolidas. A nota técnica conjunta dizia que o sistema de monitoramento não apresentava anomalias em outras áreas adjacentes à da mina 18. Ao todo são 35 minas de exploração de sal-gema na região. “O risco em função do evento crítico em andamento não afeta outras áreas do município de Maceió”, afirmava o texto.

Neste domingo, o prefeito reforçou que o dano foi localizado. “As pessoas que estão em outras áreas [da cidade] podem ficar tranquilas”, disse.

Os possíveis impactos do colapso na mina se estendem à qualidade da água e à biodiversidade da lagoa, afetando a organização biológica e a paisagem do espaço, segundo Renato Lima, docente de geologia na USP (Universidade de São Paulo).

Pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas passarão a fazer coleta da água a cada três dias para avaliar possíveis alterações na qualidade, principalmente pelo contato com a salmoura, que pode salinizar o ecossistema e provocar mortandade de animais.

Por Nicola Pamplona 

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