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FolhaPress

Oropouche avança e atinge 21 estados no Brasil, diz Ministério da Saúde

A maior parte dos casos foi registrada no Amazonas (3.224), Rondônia (1.709) e Bahia (831)

Foto: Maria Luiza Felippe Bauer/Instituto Oswaldo Cruz

Pelo menos 7.286 casos de febre oropouche atingem 21 estados brasileiros, afirma em nota o Ministério da Saúde nesta sexta-feira (2). Até a última semana, eram 16 estados.

A maior parte dos casos foi registrada no Amazonas (3.224), Rondônia (1.709) e Bahia (831), de acordo com a última atualização da base do ministério no último domingo (28). Os estados com menos casos são Tocantins (2), Sergipe (2), São Paulo (2) e Paraíba (1). Um óbito em Santa Catarina está em investigação.

No dia 25 de julho, o ministério confirmou as primeiras duas mortes pela doença no mundo, que ocorreram na Bahia. Os casos são de mulheres do interior com menos de 30 anos, sem comorbidades, mas que tiveram sinais e sintomas semelhantes a um quadro de dengue grave.

A oropouche é uma arbovirose, com sintomas parecidos com os da dengue, chikungunya e algumas formas de zika: dor de cabeça intensa, dor muscular, náusea e diarreia. É transmitida principalmente pela picada do mosquito infectado Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora.

O Ministério da Saúde diz que montou três grupos de pesquisa para entender melhor o mosquito transmissor da doença e o comportamento do vírus no organismo, além de acompanhar estudos científicos em andamento. Também mantém monitoramento de casos e possíveis óbitos por meio da Sala Nacional de Arboviroses.

Investigação de transmissão vertical da doença

Estão em investigação nove casos de transmissão vertical de oropouche: cinco em Pernambuco, um na Bahia e três no Acre, escreveu o ministério. Cinco destes evoluíram para óbito fetal e quatro apresentaram anomalias congênitas, como a microcefalia. As análises procuram entender se há relação entre a oropouche e casos de malformação ou abortamento.

No mês passado, o ministério alertou que o Instituto Evandro Chagas (IEC) havia confirmado a transmissão vertical do vírus, presente em um caso de morte fetal e em anticorpos em amostras de quatro recém-nascidos.

As autoridades recomendam a vigilância na gestação e o acompanhamento de bebês de mulheres com suspeita clínica de arboviroses —dengue, zika, chikungunya e febre oropouche.

Casos de SP são autóctones

Os dois casos de febre oropouche confirmados em São Paulo são autóctones —originados no próprio estado, sem importação de outras regiões—, disse em nota nesta quinta-feira (1º) a Secretaria da Saúde do estado (SES).

O estado testa semanalmente de 2 a 5 amostras de pacientes com sintomas da doença em cada uma de suas 71 unidades sentinelas, escreveu a secretaria. Os casos detectados em Cajati, no Vale do Ribeira, foram atendidos em unidades responsáveis pelo monitoramento de arboviroses. Os pacientes já estão curados.

“Com a confirmação dos casos nós notificamos o Ministério da Saúde e seguimos com as investigações, entre o Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) e a vigilância municipal”, disse na nota Regiane de Paula, coordenadora em saúde da Coordenadoria de Controle de Doenças da SES. “Ao apresentar sinais e sintomas, recomenda-se procurar uma unidade Básica de Saúde (UBS) para que o paciente seja medicado de forma correta e inicie o tratamento.”

Ministério da Saúde registrou pelo menos 7.236 casos da febre em 16 estados do país neste ano. No dia 25 de julho, as primeiras duas mortes pela doença no mundo foram confirmadas na Bahia. O vírus foi registrado pela primeira vez no país em 1960, com casos mais frequentes na região Amazônica. Incidente no continente americano, a maioria dos casos estão no Brasil, Bolívia, Colômbia, Peru e Cuba, de acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

Diagnóstico, tratamento de prevenção da oropouche

Praticamente não tem como diferenciar a febre oropouche de outras doenças, mas o alerta da Secretaria da Saúde ajudará médicos a ficarem mais atentos à possibilidade do vírus, explica o infectologista Jamal Suleiman, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. “O que vai mudar agora é o desfecho. Até os dois casos de óbito na Bahia, não sabíamos que a oropouche podia evoluir com desfecho grave. Agora, para doentes com tal desfecho que testem negativo para dengue e chikungunya, teremos que pensar em oropouche.”

Para Suleiman, é difícil dizer se há subnotificação da doença. O vírus não havia sido detectado antes em amostras analisadas pelos serviços de vigilância do estado de São Paulo, que está em alerta desde o início da epidemia de dengue neste ano, explica.

Não existe atualmente um tratamento específico ou estudos para uma vacina contra a oropouche. O teste usado para o diagnóstico da doença é o PCR, que analisa sequenciamento de DNA para detectar o vírus.

Mesmo com o alerta das autoridades, não é preciso entrar em pânico, apenas engajar em prevenção, diz Suleiman.

Para se prevenir, as pessoas devem passar repelente, e usar roupas que cobrem todo o corpo se estiverem em áreas de alto risco de infecção, recomenda o especialista.

Também é importante seguir protocolos de limpeza doméstica como os da dengue para eliminar focos do mosquito: tampar caixas d’água, ralos e pias, higienizar bebedouros de animais de estimação, descartar pneus velhos, limpar as calhas, colocar areia nos vasos de plantas e amarrar os sacos de lixo, por exemplo.

A SES também recomenda que a população evite frequentar áreas com maior reincidência de casos, use roupas claras, recolha folhas e frutos do chão e instale telas de malha fina em portas e janelas.

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