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FolhaPress

Paes estuda retomar restrições e diz que Rio está no ápice de casos de Covid neste ano

Ele afirmou que nunca viu tantas pessoas com a doença na cidade como agora

Eduardo paes
Foto: reprodução

Após meses de abertura quase total, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), sinalizou nesta sexta (20) que pode voltar a determinar medidas de restrição contra a Covid-19. Ele afirmou que nunca viu tantas pessoas com a doença na cidade como agora.

“Nunca antes, no ano de 2021, nós tivemos tantas pessoas com Covid na cidade do Rio de Janeiro como neste momento agora. Este é um dado relevante e todos nós que vivemos aqui percebemos isso. Pessoas próximas, familiares, amigos. Eu, pessoalmente, nunca vi tanta gente com Covid no meu entorno como estou vendo”, declarou em entrevista coletiva.

Os dados, de fato, mostram que a média móvel de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) na primeira semana de agosto foi de 41.155, superior aos picos de março e maio na cidade, mas inferior ao pico de novembro do ano passado.

Apesar disso, Paes ainda não restringiu atividades: “Vamos monitorar isso com muita calma, muita tranquilidade, e havendo aumento de agravamentos, podemos voltar a tomar medidas mais restritivas”, disse. Ele, que vinha prorrogando as medidas em vigor quinzenalmente, agora as estendeu até o dia 30.

A regras proíbem apenas o funcionamento de casas de show e boates, que, no entanto, têm aberto com frequência. Comércios, serviços, restaurantes, bares, shoppings e cinemas estão permitidos desde abril, incluindo rodas de samba e música ao vivo, com distanciamento mas sem limitação de horário.

No início do mês, o prefeito chegou a anunciar um plano de flexibilização a partir de setembro, com a liberação de pessoas vacinadas em estádios e boates e, em novembro, a redução do uso de máscaras. Haveria até quatro dias de comemoração. Agora, porém, esse plano fica suspenso.

Todas as regiões da cidade seguem classificadas como de risco alto para a doença. Os leitos de UTI estão com 95% de ocupação, e os hospitais públicos e privados já reabrem vagas. O número de internados graves saltou de 359 para 465 em menos de duas semanas no município, de 31 de julho a 11 de agosto.

Paes acrescentou que os números ainda não se refletem num aumento das mortes e creditou isso à vacinação. O Rio termina a aplicação nos adultos nesta sexta com 92% desse grupo protegido com a primeira dose ou dose única até o final da manhã. A segunda dose ou dose única atingem 44%.

O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirmou que fará uma grande busca ativa por quem ainda não se vacinou. “Nos últimos 30 dias, a gente internou 286 idosos que já poderiam ter se vacinado, que poderiam ter tomado as duas doses da vacina”, disse.

Na próxima segunda (23), começa a imunização dos adolescentes. Simultaneamente, a prefeitura pretende começar a dar uma dose de reforço nos idosos, que registram perda na imunidade contra o vírus meses após a vacinação, segundo pesquisas. A ideia é priorizá-los antes de antecipar as segundas doses.

“Nós preferimos fazer a terceira dose das pessoas mais velhas do que antecipar a segunda dose dos mais jovens. Esta vai ser a posição da prefeitura. Nós entendemos que, neste momento, com o aumento de casos da variante delta, é importante que a gente proteja as pessoas mais vulneráveis ao agravamento da doença e às vezes, infelizmente a óbito”, declarou Paes.

Segundo o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde, a delta já corresponde a 66% das amostras analisadas na capital fluminense. A cepa tem feito com que tanto o estado quanto a cidade do Rio puxem uma tendência de alta por todo o país, que agora registra aumento dos casos.

Paes voltou a usar esses fatos para pressionar o Ministério da Saúde a priorizar os cariocas no envio de vacinas. A Procuradoria Geral do Município deve entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta semelhante à do governo paulista, pedindo um número de doses proporcional à população.

“Eu faço um apelo ao Ministério da Saúde, porque a gente viu isso ao longo do processo de imunização, que toda vez que tinha alguma crise em alguma cidade do Brasil, algum estado, havia uma entrega maior de imunizantes. E o Rio é o epicentro da variante delta no Brasil”, afirmou o prefeito.

Por Júlia Barbon

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