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FolhaPress

Turistas voltam a encher cidades históricas de Minas nos finais de semana

Igrejas centenárias, casas antigas, museus, ruas com calçamento de pedra e a famosa comida mineira são alguns dos atrativos

Foto: Reprodução

Igrejas centenárias, casas antigas, museus, ruas com calçamento de pedra e a famosa comida mineira são alguns dos atrativos que encantam turistas que visitam Minas Gerais. Mesmo impactadas pelas restrições ao turismo na pandemia, as cidades históricas do estado agora veem este cenário mudar.

De acordo com a Secretaria de Cultura e Turismo de Minas Gerais, as cidades históricas estão entre os destinos que despontam na retomada do turismo em Minas. Além delas, também são muito procuradas as estâncias hidrominerais do sul do estado e as cidades banhadas pelo lago de Furnas.

De acordo com o professor da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto Allan Calsavara, a retomada do turismo neste momento pode ser considerada segura, desde que a situação epidemiológica da cidade e região seja favorável.

“A retomada deve se basear em dados epidemiológicos, regras rígidas para o prestador de serviço e fiscalização da adequação do turista ao uso de máscara”, afirma ele, que é doutor em infectologia.

Em Ouro Preto, o fluxo de turistas aumentou muito nos últimos três meses. Nos finais de semana, a movimentação já é comparável ao período anterior à pandemia, segundo a diretora de turismo Fabiana Nonato.

De acordo com ela, grande parte dos visitantes atuais vem de cidades mais próximas, em um raio de 150 quilômetros de distância. No entanto, também são frequentes turistas vindos de São Paulo e do Rio de Janeiro.

A publicitária Marina Fortes viajou de Botucatu (SP) para Ouro Preto no início de novembro. Ela e dois amigos ficaram na cidade por três dias e puderam conhecer as igrejas históricas, uma mina de ouro e alguns dos restaurantes da cidade.

“Ouro Preto é muito incrível, acho que, ao pisar na cidade, você já se sente em um cenário de filme, porque é tudo muito diferente do que a gente está acostumado. É muito importante ter essa vivência e não deixar a história se apagar”, afirma.

A produtora de eventos Beatriz Sibov, amiga de Marina, conta que nenhum dos locais visitados exigiu comprovante de vacinação. Porém, ela percebeu que os estabelecimentos estavam sendo cuidadosos com os protocolos sanitários e cobrando o uso de máscara.

Outra cidade que atrai viajantes é Congonhas, localizada a 80 Km de BH. Lá, foi construído o Santuário do Bom Jesus de Matozinhos, onde ficam os 12 profetas esculpidos em pedra-sabão por Aleijadinho.

O museu de Congonhas, que possui o objetivo de interpretar e preservar esse patrimônio, está retomando as atividades aos poucos. Por enquanto, são liberadas visitas com limite de 30 pessoas no espaço.

Segundo a coordenadora do setor educativo, Nathália Rezende, em anos anteriores o espaço recebia cerca de 20 mil pessoas no mês de setembro, devido à realização do Jubileu do Bom Jesus de Matozinhos na cidade. Em 2021, segundo ano sem a festa, este número foi de 3 mil.

Já outubro e novembro registram uma média de público próxima à dos anos anteriores à pandemia. A expectativa é de que as atividades rotineiras, como visitas de grupos maiores, oficinas e mediações lúdicas, sejam retomadas no início de 2022.

O passeio de Maria Fumaça entre São João Del Rei e Tiradentes também voltou a ser procurado por turistas. O policial militar Carlos Gomes viajou de Sete Lagoas (MG) com a esposa para conhecer as duas cidades. Segundo ele, o passeio foi um dos pontos altos da viagem.

“O trajeto dura 55 minutos. A paisagem é revestida pela Mata Atlântica, tem poucas casas durante o percurso, vemos algumas fazendas e um rio que passa pelo caminho. É muito bonito”, diz.

Ao chegar em Tiradentes, um dos grandes destaques é a gastronomia local. A cidadezinha possui mais de 120 restaurantes, alguns deles entre os melhores do país.

Segundo Ricardo Martins, chef e proprietário do restaurante Uai Thai, o início da pandemia foi muito difícil. No entanto, ele não precisou demitir nenhum funcionário e, mesmo reduzindo em 30% a capacidade do restaurante, o faturamento voltou ao que era antes da pandemia.

“Não sei se as pessoas estavam carentes de viajar e ir a restaurantes, mas, desde a reabertura, houve uma explosão de vendas que não parou até hoje”, afirma. O restaurante de Martins já está com reservas esgotadas para o Réveillon e alguns finais de semana até janeiro.

A chef Beth Beltrão, do restaurante Viradas do Largo, também viu o movimento do estabelecimento crescer após um ano com as portas fechadas. Segundo ela, o melhor sentimento é ver a casa cheia e fazer as pessoas felizes com a sua comida.

“Uma cidade histórica linda como Tiradentes já atraía muitas pessoas. Agora, elas estão retornando pela saudade que sentiram. É muito gostoso receber essas pessoas no restaurante”, celebra.

De acordo com o secretário municipal de turismo, Christian Silveira, desde outubro a cidade passou a ter uma ocupação entre 80% a 90% nos finais de semana. Durante a semana, esses números ficam em torno dos 35%.

A temporada da Vesperata de Diamantina, uma série de concertos noturnos nas sacadas dos prédios históricos da rua da Quitanda, não é realizada há dois anos. Segundo Márcia Horta, secretária municipal de turismo, sem o evento, a cidade deixou de receber muitos turistas que vinham de outros estados.

De acordo com a secretária, a expectativa é de que no próximo ano o evento seja realizado, voltando a atrair grandes grupos de turistas do país inteiro.

Por Isac Godinho

 

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