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Assassinato de Japão e crendice popular geram boatos de recompensa

Ricardo Osamo, o Japão, como era conhecido em Girassol, distrito de Cocalzinho, foi assassinado por Lázaro Barbosa no local em que trabalhava na noite de 5 de junho, três dias antes dos assassinatos em Ceilândia

“O Japão estava cozinhando na segunda cozinha, que é externa, tenho duas cozinhas aqui na minha casa. Era por volta de meia-noite. Só que, quando o Japão entrou, ele não trancou a porta. Ele deixou a porta somente encostada. E veio para dentro da casa, em direção às salas. O Lázaro entrou pela cozinha. De repente escutamos um barulho muito grande parecendo a explosão de dinamite. Eram garrafas de vinho da nossa adega que Lázaro derrubou quando entrou pela cozinha e tentou ir a outros cômodos da casa. Temos uma adegazinha aqui em casa, junto a essa área da segunda cozinha. Com o barulho das garrafas se quebrando, acho que ele (Lázaro Barbosa) se assustou, entrou na sala de jantar, veio em nossa direção e começou a atirar. Foram quatro tiros. Podíamos estar todos mortos. Ele ia matar todo mundo. Um desses tiros acertou Japão, que caiu ali na hora e virou uma poça de sangue. Foi tudo muito rápido”, descreveu Edle Souza, proprietária da fazenda onde Japão trabalhava.

Japão era funcionário dela e do marido, Aldamiro Souza, o Miro. A fazenda do casal fica em um distrito de Girassol, e é conhecida por Castelinho, devido à aparência da casa, que lembra uma construção medieval.

Além de apelidarem a casa de Miro — há décadas, desde que a construção foi erguida —, existe entre os moradores de Girassol uma espécie de crendice popular de que o Castelinho é mal-assombrado. Trata-se de uma mistura de boato e crença religiosa, que ronda o imaginário popular da região.

O assassinato de Japão por Lázaro Barbosa ocorreu três dias antes de o maníaco matar uma família em Ceilândia (9/6), e com isso os moradores de Girassol começaram a contar histórias entre si e pela cidade. Uma delas foi de que Miro pagaria R$ 100 mil a quem entregasse Lázaro Barbosa a ele ainda vivo, ou R$ 50 mil a quem o entregasse morto.

Vários veículos de comunicação publicaram essa versão da proposta de recompensa, inclusive o Mais Brasília, razão pela qual pedimos desculpas junto aos leitores.

Questionada acerca da tal recompensa, a esposa de Miro nega a oferta. “Jamais meu marido seria capaz disso. O que espero é que encontrem logo esse bandido. Aqui em Girassol, ele não matou só o Japão não. No sábado ele matou o Rodrigo ali da Associação (perto do Castelinho). O rapaz estava molhando as plantas à tarde e foi assassinado”, disse a mulher.

“Não digo que eu saiba que Miro tenha falado de recompensa a alguém. Porque não ouvi a história da boca de Miro. O que a gente ouve muito são os moradores comentando. Até porque Japão era muito querido, trabalhava há anos para Miro. Mas essa história de recompensa a gente também leva muito na brincadeira, virou uma brincadeira entre moradores. A gente chega num bar, num mercadinho e o povo tá (sic) comentando bem assim: ah, rapaz, se eu pegasse aquele cara (Lázaro Barbosa), para eu levar para o Miro, para eu ganhar aqueles R$ 100 mil”, explicou um dos moradores de Girassol, Eloíso Souza, o Dida.

O inquérito policial do assassinato de Ricardo Osamo (Japão) foi aberto no dia 14 de junho na Delegacia de Polícia de Cocalzinho de Goiás. O delegado Rafhael Neris, de Cocalzinho, mesmo sem poder dar informações sobre o processo, acrescentou que existe uma gravação, imagens em vídeo desse caso.

Atualmente, o caso foi transferido para Águas Lindas de Goiás, pela proximidade da delegacia com a região de Girassol, onde fica o Castelinho.

A procura por Lázaro Barbosa continua, e neste sábado entra no seu 11º dia. As forças de segurança contam a ajuda da população tanto para dar informações quanto para não divulgar fake news ou passar trotes.

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