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Polícia investiga se carta encontrada em residência foi escrita por Lázaro Barbosa
Do Mais Brasília

Polícia investiga se carta encontrada em residência foi escrita por Lázaro Barbosa

Dizeres foram encontrados dentro de uma mochila e estavam escritos em folhas pautadas, de caderno A4 e escritos com tinta azul e dourada

A polícia apura se as cartas entregues na delegacia na manhã desta sexta-feira (25/6) foram escritas pelo criminoso. Os dizeres foram encontrados por uma moradora de uma casa em Águas Lindas, dentro de uma mochila, e estavam escritos em folhas pautadas, de caderno A4 e escritos com tinta azul e dourada. O material foi recolhido e encaminhado para perícia.

Com muitos erros de ortografia, Lázaro se apresenta e descreve detalhes dos seus passos. Em um trecho do manuscrito ele chega a pedir perdão e diz que vai sumir.

“Eu peço perdão às famílias das vítimas… não vou estar mais aqui, vou ter que ir…”

Carta entregue à polícia e, possivelmente, escrita por Lázaro. Foto: Reprodução

Em outro trecho, o homem acusado de participar de rituais satânicos se defende e diz que sofre com a situação. “Não faço macumba. Temo ao meu Deus. Só oro…”, escreve Barbosa que completa o texto com um trecho bíblico: “Ainda que eu ande pelo vale escuro como a morte não temerei mal algum, pois o Senhor está comigo nas palmas das suas mãos, assim como todos eu também estou sofrendo”.

Na mesma página, Lázaro ainda manda um recado para os policiais que integram a força-tarefa que segue na procura do foragido há 17 dias. Com um tom de ironia, o homem diz para que eles mudem o pensamento pois só assim, conseguirão capturá-lo. Nesse momento, ele envolve novamente o nome de Deus. Veja o trecho no documento abaixo:

“E para os policiais que estão atrás de mim, mudem os pensamentos que assim talvez Deus permita que vocês me peguem. Pois eu sou ungido de Deus. Deus tem planos na minha vida e não vai deixar que vocês mudem isso pois Deus é o criador e vocês são criaturas. Se acalme, se for da vontade D’ele vai ser. Se não…

Carta entregue à polícia e, possivelmente, escrita por Lázaro. Foto: Reprodução

 

Conflitos com o pai

O material que agora está em posse da polícia também traz relatos da vida de Lázaro Barbosa. No papel ele conta da vida difícil na infância e sobre a relação com o pai Edenaldo Barbosa Magalhães, 57, que, em entrevista, definiu o filho como “um monstro” e disse ter vergonha do que ele faz.

O criminoso também fala da mãe e menciona o irmão, morto há cinco anos em um acerto de contas.

“Eu nasci no interior da Bahia… Como muitos, vivia arrancando roça pra ganha 5 reais por dia.”

“Esse aí que se diz meu pai e quer justiça, nos abandonou. Graças a Deus, pois quando vivia conosco era a pior desgraça. Eu e meu irmão vivíamos catando mamona para ele vender e bebia cachaça e chegava bêbado quebrando as portas. Eu aprendi a viver no mato porque a minha mãe vivia com nós no mato com medo dele..”

Carta entregue à polícia e, possivelmente, escrita por Lázaro. Foto: Reprodução

Se confirmada, carta deixada por criminoso não foi a primeira

Se o documento deixado nas mãos da polícia na manhã dessa sexta for confirmado pela perícia como escrito por Lázaro, não será a primeira vez que o criminoso se comunicou por este meio. No dia 17 de junho, policiais da força-tarefa encontraram uma carta abandonada em um local onde o criminoso teria usado como esconderijo por um tempo, na região de Edilândia, em Goiás. No local, as equipes notaram, sobre a mesa, uma folha de papel A4 com um texto escrito à mão, com caneta vermelha.

“Muitos que vivem merecem morrer, alguns que morrem merecem viver. Você pode lhes dar vida? Então não veja tão misto para julgar e condenar à morte. Mesmo os muito sábios não conseguem enxergar tudo”,

Sequência de crimes

Lázaro Barbosa é suspeito de assassinar uma família em Ceilândia no dia 9 de junho. Após o crime contra a família Vidal, o homem se tornou um fugitivo da polícia. Desde então, ele tem cometido uma sequencia de crimes entre o Distrito Federal e Cocalzinho de Goiás (GO). Em muitos casos, o “modus operandi” se repete. Veja a cronologia:

– Quarta-feira (9) – A onda de crimes tem início quando o suspeito invade uma casa em Ceilândia. Lá, ele teria matado o empresário Cláudio Vidal, 48; dois filhos dele, Gustavo Marques, 21; e Carlos Eduardo Vidal, 15; e sequestrado a mãe deles, Cleonice Marques, 43.

– Sexta-feira (11) – Polícia Militar do DF inicia buscas pelo suspeito.

– Sábado (12), à tarde – polícia encontra o corpo de Cleonice Marques. Cadáver estava próximo de um córrego na região de Sol Nascente (DF). Mulher estava nua, de bruços e apresentava cortes na região das nádegas.

– Sábado (12), à noite – Três pessoas são baleadas em uma casa na zona rural de Cocalzinho de Goiás. Suspeito teria forçado vítimas a fazer comida para ele enquanto as obrigava a fazer consumo de drogas. No local, Lázaro supostamente rouba duas armas de fogo e munições.

Feridos estão hospitalizados, dois deles em estado grave.

– Domingo (13), à tarde – Chácara é invadida em Cocalzinho de Goiás. Proprietário encontra imóvel revirado e dá falta do carro, um Corsa vermelho.

– Domingo (13), noite – veículo é abandonado na BR-070, após avistar bloqueio policial próximo à cidade de Edilândia. Suspeito foge à pé, supostamente para região de mata. Investigadores ainda não confirmaram se responsável por abandonar carro é mesmo Lázaro.

Polícias militar e rodoviária federal destacam 120 policiais para o cerco, que tem auxílio de 3 helicópteros

– Segunda-feira (14), manhã – Mais policiais se juntam à operação de captura. Agora, são 210 agentes da PM-GO, PM-DF e Polícia Federal (PF) que atuam para detectar e prender Lázaro. Secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodnei Miranda acompanha os trabalhos in loco.

– Segunda-feira (14), noite – Lázaro pede comida em uma chácara em Edilândia, mas diante da negativa do caseiro atira com uma pistola contra a propriedade. O caseiro, que também estava armado com uma espingarda, revida, fazendo com que o procurado fuja do local correndo a pé.

– Terça-feira (15), tarde – Moradores de uma fazenda em Cocalzinho de Goiás afirma ter avistado Lázaro passando pela propriedade. Desesperados, eles orientam os policiais sobre o caminho que ele seguiu.

– Terça-feira (15), tarde – Três pessoas – uma mulher e duas crianças – foram mantidas reféns de Lázaro Barbosa em uma propriedade rural que fica a 5 km de distância do povoado de Edilândia. Os reféns foram libertados após troca de tiros com a polícia e o suspeito fugiu por um Rio próximo da fazenda.

– Terça-feira (15), noiteLázaro teria retornado a uma propriedade que invadiu pela manhã em busca de alimentos. O proprietário encontrou a casa revirada e deu falta de produtos alimentícios.

– Terça-feira (15), noite – Secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda diz que equipes estão mais perto de capturar Lázaro e que não deixarão o local sem o suspeito.

– Quarta-feira (16), manhã – Secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda diz que suspeito não agiu nesta madrugada e que o cansaço será a estratégia para capturá-lo.

– Quinta-feira (17), manhã – A secretaria de Segurança Pública de Goiás informou que 20 policiais da Força Nacional vão auxiliar nas buscas por Lázaro, em Edilândia.

– Quinta-feira (17), manhã – Rodney Miranda, Secretário de Segurança de Goiás, afirmou que Lázaro está mais desgastado e cometendo mais erros.

– Quinta-feira (17), noite– Rodney Miranda, Secretário de Segurança de Goiás, confirmou que Lázaro foi visto pelo menos duas vezes e que houve pelo menos um confronto.

– Sexta-feira (18), manhã – Policiais encontraram uma vela de sete dias na região de mata de Edilândia, povoado de Cocalzinho de Goiás. O objeto, com o nome de Lázaro, foi localizado ainda na noite de quinta.

– Sexta-feira (18), manhãMãe de Lázaro fala pela primeira vez e pede ao filho que se entregue.

– Sexta-feira (18), manhãMãe de Lázaro fala pela primeira vez e pede ao filho que se entregue. Esposa do suspeito diz que ela e a filha sofrem ameaças e também pede que ele se entregue.

– Sexta-feira (18), tarde – Moradores de Girassol servem lanche a policiais e jornalistas, reconhecendo os esforços dos profissionais nas buscas por Lázaro e na divulgação de informações.

– Sábado (19), manhã – Policiais restringem para 10 km quadrados o perímetro de busca por Lázaro Barbosa. Helicópteros voltam a sobrevoar região. Forças de segurança auxiliam proprietários rurais que precisam alimentar os animais, mas estão com medo.

– Domingo (20), manhã – 270 policias seguem nas buscas por Lázaro.

– Domingo (20), tarde – Suspeita de Lázaro estaria em Águas Lindas é desmentida pela polícia.

– Segunda-feira (21), manhã – Lázaro Barbosa Sousa, 32, segue escondido em região de mata entre Edilândia e Girassol, em Cocalzinho de Goiás, segundo autoridades.

– Segunda-feira (21), tarde – Secretaria recebe quase mil denúncias sobre Lázaro, em 24h, a maioria trote. Além disso, o exército cedeu 40 rádios comunicadores para auxiliar as equipes. Segundo a SSP, cerca fica cada vez mais fechado.

– Terça-feira (22), manhã – Intensificação de barreiras em busca de Lázaro causa fila de carros na BR-070.

– Terça-feira (22), manhã – Um carro é encontrado queimado na região de Girassol.

– Terça-feira (22), tarde – Policiais encontram um lençol e um serrote na região de Girassol, a 4km de Águas Lindas.

– Quarta-feira (23), manhã – Comandante da Rotam explica porque a tropa deixou as buscas por Lázaro, no fim de semana.

– Quarta-feira (23), manhã – A secretaria de Segurança Pública pediu que um eventual advogado de Lázaro procurasse a força-tarefa para negociar a rendição.

– Quarta-feira (23), tardeDisque Denúncia de Lázaro recebe 3,8 mil desde domingo. Polícia diz que há indicativos que suspeito tentou invadir uma casa, na noite de terça.

– Quinta-feira (24), tarde – Informações de moradores apontam possível presença de Lázaro no Setor de Chácaras de Girassol. Policiais e helicópteros patrulham o local, e agentes montam barreiras nas estradas da região.

– Quinta-feira (24), noite – Em coletiva, Secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, anuncia prisão de dupla que teria ajudado Lázaro Barbosa.

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