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Do Mais Brasília

Professora do DF denuncia ex-marido por sequestrar filhas e levar para o Líbano

Segundo a mulher, o ex-marido somente conseguiu sair do país com as crianças porque existe uma procuração, assinada por ambos

Foto: Arquivo pessoal

Bianca Moreira Carneiro, de 43 anos, professora da rede privada do Distrito Federal, mãe de duas meninas gêmeas, não vê as filhas desde 2022, época em que as crianças foram levadas pelo ex-marido para o Líbano. O contato que Bianca tem com as filhas é restrito porque as meninas não falam português. A tortura de ter as filhas longe dela começou quando o pai das crianças, que é libanês, levou as filhas para o Líbano, em abril de 2022. Bianca foi casada com o pai das crianças, mas o casamento terminou em fevereiro de 2022. Em abril, o homem sequestrou as filhas.

“No dia 16 de abril de 2022, entreguei minhas duas filhas gêmeas, com 4 anos de idade, para passarem a Páscoa com o pai. No dia seguinte, ele ligou do Líbano dizendo que as duas estavam com ele e que eu só voltaria a vê-las se desistisse do divórcio.”, conta Bianca. “Depois que ele foi para o Líbano, muitas vezes insistiu para que eu desistisse do divórcio e ele voltaria. É uma das mais covardes e cruéis formas de violência contra a mulher”.

Segundo a mulher, o ex-marido somente conseguiu sair do país com as crianças porque existe uma procuração, assinada por ambos anteriormente, que permitia que as crianças viajassem com apenas um dos genitores.

“Fizemos isto [essa procuração] porque o pai dele estava doente e pretendíamos viajar para o Líbano, para visitá-lo”. Aproveitando desta situação, em 2022 o homem emitiu os passaportes sem o conhecimento dela.

“Hoje, elas continuam no Líbano, quase dois anos depois. Eu conseguia falar com elas quase diariamente por vídeo nos primeiros seis meses, mas depois disso as ligações foram ficando cada vez mais espaçadas”, relata a mãe das gêmeas. “Em 2023, eu falei com elas em maio, setembro e dezembro, mas elas não falam mais português, então a comunicação ficou ainda mais difícil”, explica. Além disso, todos os contatos são vigiados pelo pai.

Desde o sequestro a professora entrou com uma ação na Justiça e fez contato com a Embaixada do Brasil no Líbano, mas não conseguiu avanços na retomada das filhas. Em agosto de 2022, uma decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) aceitou uma concessão de tutela de urgência e indicou que a mulher tivesse a guarda unilateral das meninas.

Também foi expedido um mandado de busca e apreensão pelas gêmeas e o aviso foi encaminhado à Polícia Federal (PF) e à Interpol. As sentenças foram favoráveis, mas pelo fato de o Líbano não ser signatário de Haia, a execução foi inviabilizada.

“A Justiça me deu a guarda total das meninas. Emitiu um pedido de busca e apreensão delas, mas como o Líbano não é signatário de Haia, não existe acordo entre o Brasil e o Líbano. Elas são brasileiras, nascidas, registradas aqui, mas elas também foram registradas no Líbano por meio da embaixada. E a dificuldade da Justiça daqui entrar em ação, é o fato de, lá dentro [no Líbano], ele estar blindado”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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