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FolhaPress

‘Bridgerton’ volta com desafio de manter interesse com novos protagonistas

Série volta com mais dramas de alcova e fofocas do mundinho aristocrático da Londres

Foto: Divulgação

Com a pompa e circunstância de um baile com a presença da rainha da Inglaterra, “Bridgerton” estreia sua segunda temporada nesta sexta-feira (25) na Netflix. A série volta com mais dramas de alcova e fofocas do mundinho aristocrático da Londres do período da Regência (1811-1820).

Porém, os novos episódios chegam com um novo status se comparados aos que lançaram a produção no Natal de 2020. De lá para cá, a série se tornou a segunda mais assistida da plataforma de streaming (era a primeira, mas foi superada pelo fenômeno coreano “Round 6”) e amealhou 12 indicações ao Emmy.

O criador da série, Chris Van Dusen, diz que tentar manter a boa repercussão entre público e crítica não foi algo que o assustou. “Acho honestamente que sempre houve um sentimento de pressão sobre a série por sabermos que ela é inspirada em livros muito queridos, que já tinham fãs entusiasmados no mundo todo”, diz em entrevista do F5, lembrando a obra de Julia Quinn.

“As pessoas têm uma ligação muito forte e apaixonada por esses personagens”, afirma. “Essa pressão sempre existiu para mim. Eu sempre digo que podem vir com mais. A pressão funcionou na primeira temporada e acho que vai funcionar na segunda temporada também.”

Não bastasse toda a expectativa sobre as novas aventuras amorosas dos irmãos da família Bridgerton, na qual a trama é centrada, o criador precisou lidar com outra questão: a ausência do protagonista que roubou a cena na primeira temporada.

Isso porque Regé-Jean Page, que interpretou o duque de Hastings e enamorou meio mundo enquanto conquistava o coração da irmã mais velha dos Bridgertons, preferiu não renovar seu contrato. Daphne (Phoebe Dynevor) ainda aparece, mas com um tempo de tela consideravelmente menor –ela apenas cita o marido, que parece estar sempre muito ocupado para os eventos da família dela.

“Acho que isso é o que faz ‘Bridgerton’ ser ‘Bridgerton'”, avalia Van Dusen, lembrando que cada temporada é baseada em um dos livros da franquia, em que cada obra é centrada na história de um dos irmãos. “Foi justamente o que me atraiu no projeto, a possibilidade de mudar de foco a cada temporada.”

Como já havia sido anunciado, o protagonista da segunda temporada será Anthony Bridgerton (Jonathan Bailey), o filho mais velho e herdeiro do título de visconde. Se na primeira temporada, ele cogitou abdicar da nobreza e viver sua paixão por uma cantora de ópera, desta vez ele estará com os dois pés atrás com relação ao amor.

“É uma trama completamente nova e incrivelmente diferente, mas igualmente excitante, sexy e escandalosa”, garante o criador. “Estou ansioso para que o mundo possa vê-la.”

Nela, Anthony decide que finalmente é hora de se casar, o que deixa a mãe dele, Violet (Ruth Gemmell), muito feliz. Até ela perceber que o filho não está querendo um amor, mas simplesmente alguém que o ajude a cumprir com o dever de procriar.

“Ele não tem a menor intenção de achar alguém que ele ame, quer um casamento sem amor envolvido”, adianta Gemmell. “Isso é algo muito doloroso para ela, então ela não mede esforços para mexer os pauzinhos e agir por trás dos panos para mudar a situação.”

Primeiro, Anthony vai se interessar por Edwina (Charithra Chandran), que parece uma jovem com todas as qualidades necessárias para ocupar o cargo de duquesa. Porém, ele terá que dobrar a irmã dela, Kate (Simone Ashley), que é brava e não o considera o homem ideal para a caçula.

“Não é que a Violet acredite que Edwina seria uma péssima escolha para Anthony, mas quando ela perceber a falta de amor enquanto ele a está cortejando, isso a preocupa”, diz a atriz. “Já com relação a Kate, depois de algum tempo, ela vê que tem algo ali que poderia ser maior.”

Van Dusen não esconde que será Kate, e não Edwina, quem mudará a forma de ver o mundo do visconde. “O arco da temporada é sobre cabeça versus coração”, avalia. “Kate e Anthony são como um espelho um para o outro nesse aspecto, ambos passaram pelas mesmas coisas.”

“Ambos sentem muita responsabilidade e põem a família em primeiro lugar, inclusive acima deles mesmos”, explica. “Sempre existe muita afinidade entre pessoas que estão passando pelas mesmas coisas e lidando com os mesmos problemas.”

Kate e Edwina, vale dizer, chegam como uma das novidades da temporada de bailes e festas da alta sociedade londrina retratada na série. A mãe delas, Mary Sharma (Shelley Conn), fazia parte desse círculo social, mas mudou-se para a Índia para viver um grande amor.

Mesmo que não sejam muito bem-vistas pelos demais, elas são acolhidas por Lady Danbury (Adjoa Andoh). “Minha personagem tem um senso muito forte de certo e errado, e ela acredita que não agiu corretamente com Mary no passado”, explica Andoh.

“Ela recebe as Sharmas em casa para se redimir e encara como desafio reestabelecer a reputação da Mary”, adianta. “Ela usa toda a sua influência para introduzir Edwina na sociedade e tenta suavizar as coisas para toda a família. Acredito que isso vem da culpa que ela sente por não ter defendido a amiga quando deveria, então agora ele quer corrigir isso.”

Outra linha importante da trama é a de Lady Whistledown (cuja voz é feita pela atriz Julie Andrews). A identidade secreta da fofoqueira anônima já foi revelada para o público no final da primeira temporada -trata-se de Penelope Featherington (Nicola Coughlan)-, mas não para os demais personagens.

A autora do fictício panfleto sobre a nata da sociedade da época vai ter que se virar para continuar espalhando suas fofocas enquanto o cerco se fecha. A própria rainha Charlotte (Golda Rosheuvel), que está meio entediada com a rotina de eventos sociais, encontra diversão em resolver o mistério de quem é a mexeriqueira de plantão.

“Acho que a rainha está intrigada em saber quem escreve aquilo, como ele é feito e nos efeitos que aquelas palavras têm sobre as pessoas”, analisa Rosheuvel. “Essa é definitivamente uma das forças que conduzem a personagem e a trama, e deve continuar até que a identidade dela seja revelada. Veremos se Penelope e a rainha vão ter um embate em algum momento.”

Sobre o futuro, ela ainda não pode falar. Mas sobre o passado da rainha Charlotte ela já está mais que feliz em contar que estará envolvida no spin off (série derivada) que a Netflix encomendou sobre a monarca. A produção, que ainda não tem data de estreia, está sendo escrita por Shonda Rhimes, produtora de “Bridgerton”.

“Vamos ver a jovem rainha Charlotte, assim como a jovem Lady Danbury e a jovem Violet Bridgerton”, antecipa a atriz. “É uma história sobre as origens delas, mas desta vez não será centrada só nos Bridgertons. Será interessante ver o passado desses personagens e entender como eles chegaram aonde estão agora.”

Van Dusen, que começou como assistente de Shonda Rhimes na produtora dela, a Shondaland, dá sua dica para que a nova série seja tão bem recebida quanto a original. “Adaptações sempre serão diferentes do material original, então sempre desafio a mim mesmo e ao meu incrível time de roteiristas a preservar a essência dos livros”, diz.

“Tem umas coisinhas que não tem como tirar, como as brincadeiras entre os membros da família, que estão sempre implicando e provocando um ao outro”, diverte-se. “Já a Violet ama a própria família com uma ferocidade que nós quisemos muito tentar mostrar da forma como era descrita nos livros. Nós realmente tentamos manter a verdade dos personagens.”

As dicas também valem para Jess Brownell, que deve ser a roteirista principal e produtora executiva da série na terceira e na quarta temporadas (já encomendadas pela Netflix). É que, com o sucesso de “Bridgerton”, Van Dusen vai comandar novas produções –a primeira é uma adaptação do romance queer “They Both Die at the End” (“Os Dois Morrem no Final”, em tradução livre).

“Bridgerton’ sempre será um projeto do qual terei muito orgulho”, comenta o criador. “O sucesso e a tremenda repercussão da série me abriram muitas portas e estou muito animado de agora poder tocar outros projetos e extremamente entusiasmado com o que vem por aí.”

Por Vitor Moreno 

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