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FolhaPress

‘Love, Victor’ acrescenta obstáculos a romance centrado em jovem gay

A produção estreia oficialmente no Brasil na próxima terça-feira (31/8)

Foto: Reprodução

Os filmes de romance adolescente ganharam um novo capítulo em 2018 com a estreia de “Com Amor, Simon”. Na trama, o estudante do título, vivido por Nick Robinson, está se descobrindo gay e começa a trocar mensagens anonimamente com outro rapaz do colégio. O final é feliz e cheio de aceitação.

No ano passado, o longa deu origem à série “Love, Victor” (ou “Com Amor, Victor”), que se passa no mesmo universo. A produção estreia oficialmente no Brasil na próxima terça-feira (31/8), com a chegada do serviço de streaming Star+. Nos Estados Unidos, a segunda temporada já entrou no ar e uma terceira leva de episódios foi encomendada.

Na trama, a família de Victor Salazar (Michael Cimino) muda de cidade e ele vai parar no colégio onde Simon, já formado, estudou. Mesmo com um ambiente de aceitação na escola, ele se sente pouco à vontade com a própria sexualidade. O personagem tem uma queda por Benji (George Sear), mas acaba namorando Mia (Rachel Hilson).

A princípio, pode parecer um passo atrás em relação ao filme, uma vez que o rapaz fica boa parte da temporada “no armário”, ou seja, não revela que é gay nem para pessoas próximas. Porém, o produtor e roteirista Brian Tanen diz que há outros aspectos a se considerar.

“A primeira coisa que os criadores [Isaac Aptaker e Elizabeth Berger] me contaram era que a ideia era que o Victor iria fazer contato com o Simon para dizer que ouviu a história dele, que parece maravilhosa, e que quer mandar ele se ferrar, porque não é tão fácil assim para todo mundo”, comenta. “Eu achei brilhante.”

“Mesmo que o filme seja uma delícia, havia uma sensação da comunidade [LGBTQIA+], especialmente de quem teve dificuldades ao se assumir, de que a jornada deles não estava refletida ali”, explica. “Vimos como uma oportunidade para que pudéssemos mostrar uma experiência com mais nuances e obstáculos.”

O produtor garante que não é necessário ter assistido ao filme para entender a nova história.

“Pessoalmente, eu recomendo o filme porque ele é ótimo e, se você gosta desse tipo de série, com certeza vai gostar dele”, afirma. “Mas dá para ir direto para a série, que já no primeiro episódio faz um resumo do que aconteceu.”

Nick Robinson, o Simon do filme, participa como narrador. Após a mensagem desaforada de Victor, os dois viram amigos virtuais e o mais experiente passa a ser conselheiro do mais jovem, que está ainda bastante confuso com os sentimentos que tenta esconder a todo custo da própria família.

“No filme, o Simon sabe quem é desde o começo, mesmo que ainda não tenha gritado isso para o mundo”, compara Tanen. “Na série, o Victor está em um estágio muito anterior dessa jornada. O público pode até saber para onde ele está indo, mas ele ainda está tentando entender.”

Ele chama a atenção para um detalhe do roteiro. “Durante boa parte da temporada, ele sequer fala a palavra ‘gay’, parece ser algo que ainda é sensível para ele”, diz. “E na vida real é assim, é confuso, especialmente para um jovem como o Victor, que começa a história com 15 anos.”

“Você precisa superar os seus demônios internos até se aceitar e ficar em paz consigo mesmo”, aponta. “Só então percebe que isso é algo que pode ser uma parte positiva na sua vida e passa a dividir isso com outras pessoas.”

Para dar conta de um personagem tão complexo e com tão pouca idade, ele diz que a procura foi grande. “Foi um processo exaustivo de testes para achar os atores, mas amo o nosso elenco jovem”, conta. “Eles são cheios de graça, vulnerabilidade e melancolia.”

“O Victor age de modo contrário ao que tem vontade, de modo que precisávamos de alguém que fosse caloroso, doce e com quem o público pudesse se identificar, acho que o Michael Cimino faz um belo trabalho nesse papel”, avalia. Ele não comentou as críticas ao fato de o personagem ser vivido por um ator que se declara heterossexual.

Apesar de ser centrada em Victor, a série traz diversos outros personagens precisando lidar com os próprios problemas. “É uma das coisas boas de fazer uma série, podemos contar uma história mais multifacetada”, comemora o produtor.

“O Victor está em uma família com problemas financeiros, tem várias coisas acontecendo”, comenta. “Se você reparar, todos os alunos da escola têm alguma coisa que escondem sobre eles próprios, como a Mia, que vem de uma família privilegiada, mas com pais complicados.”

“Até o Felix, como descobrimos mais no final da temporada, tem um segredo obscuro, o que talvez explique porque ele fica tanto tempo fora de casa”, antecipa. “Criar esses problemas para os outros personagens nos fez sentir que estávamos expandindo esse universo.”

Mesmo que a série só esteja estreando agora no Brasil, ela já conta com muitos fãs no país. Tanen diz que a equipe está muito contente com a repercussão que a trama e seus personagens ganharam mundo afora.

“Uma das coisas mais maravilhosas de fazer uma série para o público jovem é que eles são muito comprometidos nas redes sociais, então conseguimos ver as reações deles enquanto assistem”, conta. “É muito estimulante para nós. Os fãs internacionais, muitos deles do Brasil, nos contatavam o tempo todo para saber como assistir, então tenho certeza de que eles vão ficar animados de que finalmente terão a chance.”

Por Vitor Moreno

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