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“Lupin” troca cérebro pelas armas em novos episódios, diz Omar Sy, estrela da série

Nesta sexta-feira (11/6) estreia a segunda parte do maior sucesso francês na Netflix

Estreia nesta sexta-feira (11/6), a segunda parte do maior sucesso francês na Netflix, a série “Lupin”. Segundo a plataforma, numa rara divulgação de dados de audiência, a série foi o programa mais visto no mundo no primeiro trimestre deste ano e o terceiro mais visto na história do serviço, com 76 milhões de espectadores.

Parte desse sucesso se deve, é claro, a Omar Sy, o ator que estourou mundialmente há dez anos com “Os Intocáveis”, o segundo filme francês mais visto em todos os tempos no país europeu. Outra parte, à história criada por George Kay, de “Criminal” e “Killing Eve”, que segue não o famoso bandido galante Arsène Lupin, criação literária de Maurice Leblanc, mas sim Assane Diop, um homem do povo que se inspira em Lupin para vingar sua família.

Em entrevista na semana passada, Omar Sy comparou os dois momentos de sucesso. “É mais ou menos o mesmo, sabe? O que acontece com ‘Lupin’ é um tipo de ‘déjà-vu’. ‘Os Intocáveis’ foi meu primeiro papel de protagonista num filme e ‘Lupin’ tem meu primeiro protagonista numa série. Mas há diferenças porque estou mais velho, mais esperto e sei melhor como as coisas funcionam.”

“Qualquer sucesso é uma mudança de jogo, é claro. Quando algo bom para você acontece profissionalmente, muita coisa vem junto com o sucesso. Me dá uma possibilidade de escolha maior sobre o que vou fazer a seguir, abre uma série de oportunidades, então é muito legal, estou feliz.” Segundo Sy, esses cinco novos episódios diferem bastante dos anteriores. “Na primeira parte, Assane Diop era o mestre do jogo, ele sabe exatamente o que vai acontecer em seguida, ele faz as regras. Acho que na primeira temos Assane Diop como Lupin e na segunda, como pai. Agora ele tem que reagir ao que está acontecendo. Então suas ferramentas são outras. São mais emocionais e violentas, enquanto na primeira eram mais reflexivas. Por isso, você vai ver mais lutas, mais armas. É mais instintivo e mais perigoso.”

O ator também diz achar que o enfoque em Assane como pai, em vez de como ladrão, vai fazer ainda mais gente se aproximar do personagem. “Todo pai no mundo pode se identificar com a situação. É muito difícil ser um pai, especialmente quando você busca sucesso profissional, pois sempre tem que estar encontrando o equilíbrio certo entre o tempo que vai usar para se realizar como um homem e criar seus filhos dando tempo suficiente para isso.”

A mãe do ator é da Mauritânia e o pai, do Senegal, países africanos de maioria muçulmana. Mas Sy -que tem sete irmãos- já nasceu na França, assim como seus cinco filhos. Questionado sobre como é ser muçulmano no país de hoje, o ator não se sentiu à vontade para falar do assunto.

“O que posso dizer? Sei que há muito foco nos muçulmanos em todo o mundo atualmente. Mas isso não afeta meu modo de viver e de experimentar a minha fé. Acho que a fé é algo tão pessoal que é esquisito falar sobre isso. É como dizer de que forma eu tomo banho, sabe? É muito pessoal e muito íntimo. Não acho que seja algo sobre o qual a gente deva falar.”
O criador da série, o britânico George Kay, adiantou a este repórter que a terceira parte de “Lupin”, com mais seis episódios, já está sendo escrita. “Falei com Omar e pensamos num programa que possa ser exibido por um bom tempo. Temos muitas histórias, muitos lugares em Paris para filmar”, diz ele, que, curiosamente, nunca havia lido as aventuras de Arsène Lupin.

“Na Inglaterra, de onde venho, Lupin e Maurice Leblanc não são tão conhecidos. Mas fui chamado pela Netflix para fazer uma série com Arsène Lupin e Omar Sy. Então eu fui apresentado aos dois ao mesmo tempo. E pude ler Arsène Lupin pensando em Omar o tempo todo, o que me deu um ângulo diferente de leitura. Você está o tempo todo lendo e pensando ‘podemos usar isso’ ou ‘não tem jeito de isso funcionar’.”

Falando em Inglaterra, é claro que a série “Sherlock” foi lembrada. “Ela influenciou a gente um pouquinho. É uma série contemporânea também. Umas das coisas que amo em ‘Sherlock’ é como eles usam o centro de Londres. A gente não vê tanto isso nas produções inglesas.”

“Por outro lado, a ideia de Arsène Lupin ser um livro na série, e não um personagem real, nos dá muita liberdade. Assane Diop não é um herói da literatura, não é um homem conhecido por sua reputação, é um cara do povo que cresceu pobre e tudo o que tem é um livro. Então é um tipo diferente de história, não estamos adaptando um livro, mas contando a história de um garoto.”

 

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