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FolhaPress

Open banking deve fortalecer fintechs e mudar estrutura de rentabilidade dos bancos, diz Moody’s

Movimento deve impulsionar regulamentação mais rigorosa por parte do Banco Central

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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A chegada do open banking no país deve estimular o crescimento e aumentar a participação das fintechs de crédito no mercado, afirmou a Moody’s em relatório divulgado nesta segunda-feira (16). O movimento também deve impulsionar uma regulamentação mais rigorosa por parte do Banco Central.

Segundo a agência de classificação de risco, as fintechs de crédito já se preparam para crescer com mais força, estimuladas pela chegada do open banking. O crescimento tende a ser principalmente em nichos que não são atendidos pelos bancos tradicionais.

“Na maioria dos casos, o desempenho dessas empresas em 2020 foi bom, mas à medida que essas fintechs de crédito continuam se expandindo, o sistema regulatório do Brasil, que é aplicado proporcionalmente às instituições reguladas dependendo de sua importância sistêmica, ficará mais apertado”, afirmou a Moody’s em relatório.

Isso também pode levar a novas mudanças para essas empresas de crédito online, tipicamente com menor requerimento de capital.
Além disso, o ambiente regulatório mais focado em promover a concorrência e inovação também já começa a mudar a estrutura tradicional de rentabilidade dos bancos.

“Os principais bancos tradicionais com maior parte do mercado continuam acelerando a transformação digital e alguns estão até mesmo mirando oportunidades que provavelmente os levarão além do serviço bancário”, disse a agência.

Segundo a companhia, o número de novos entrantes no sistema financeiro aumentou, graças a um sistema concentrado, ao alto custo dos serviços bancários e ao apoio da regulamentação.

O Brasil viu um aumento no número de fintechs nos últimos cinco anos, de apenas 54 empresas em agosto de 2015 para 689 em agosto de 2020. Destas, 114 são fintechs de crédito, que incluem os chamados neobancos -instituições online que fornecem soluções financeiras via mobile para pagamentos, transferências, empréstimos e produtos de investimento.

“As taxas de juros mais baixas no Brasil nos últimos anos, as quais têm apoiado os mercados de crédito e a capacidade de pagamento dos tomadores de empréstimo, a redução gradual das barreiras de entrada, um sistema regulatório estimulante à inovação e nichos não atendidos propiciaram o crescimento de negócios bancários digitais de baixo custo, bem como vendas ou parcerias com os grandes bancos”, afirmou a Moody’s.

Apesar de não trazer mudanças imediatas, a expectativa é que o ambiente para serviços bancários e financeiros se desenvolva rapidamente com a chegada do open banking -que dará acesso aos dados coletados por grandes bancos dominantes por parte dos concorrentes menores.

Além disso, a estrutura de resultados dos bancos tradicionais deve mudar e a pressão das margens pode aumentar.
“À medida que a digitalização traz novos desafios para o setor, a maioria das linhas de negócios tradicionais continua focada em defender seus resultados individuais e as tentativas de manter uma conexão digital com os clientes são normalmente vistas através de uma lente bancária”, afirmou a Moody’s em relatório.

A agência de classificação de risco afirmou, ainda, que uma parcela importante dos serviços financeiros ainda está com os cinco principais bancos de varejo (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander).

“Esses serviços continuam caros e disponíveis de forma desigual para pequenas e médias empresas locais e famílias.”
As mudanças no sistema diante da chegada do open banking e do crescimento mais robusto das fintechs deve seguir o movimento já visto inicialmente com a implementação do Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central -que já afetou a rentabilidade dos bancos tradicionais diante da rápida adoção do sistema.

“Em termos de pagamentos de boletos e processamento de pagamentos via cartões de débito e crédito, estimamos que o resultado das tarifas bancárias diminuirá aproximadamente 10% em 12 meses a partir de novembro de 2020, considerando o nível de tarifas relacionadas antes do Pix”, disse a agência.

Texto: Isabela Bolzani

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