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FolhaPress

Carlos Gil volta ao Brasil após 3 anos como repórter no Japão

Repórter, de 44 anos, retorna ao jornalismo esportivo

Foto: João Cotta/Globo

Após três anos e meio como correspondente da Globo no Japão, Carlos Gil, 44, vai voltar a morar no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro. Retorna também ao jornalismo esportivo, que tem em 2022 um grande evento: a Copa do Mundo. “Vai ser mais um ano especial para o esporte”, diz.

A experiência do outro lado do mundo foi, segundo ele, “intensa e divertida”. “Não foi apenas uma mudança de trabalho, mas uma mudança de vida”, salienta. Ainda não está definido quem vai substituí-lo no país.

Gil foi para o outro lado do mundo justamente para a preparação e posterior cobertura das Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio. Por causa da pandemia do novo coronavírus, a competição, que aconteceria em 2020, teve de ser adiada em um ano, o que também estendeu a sua permanência no país.

Cobrir toda a crise mundial gerada pela Covid-19, e que ficará marcada na história da humanidade, foi para o jornalista o momento mais marcante do seu período no Japão. “Aqui da Ásia cobrimos todo o início da pandemia e seus desdobramentos. Algo que ainda estamos vivendo, sofrendo as consequências e que, em última análise, alterou também todo o nosso planejamento de permanência”, afirma.

Gil se mudou para Tóquio com a mulher, a também jornalista Anna Olivia Wermelinger, e os filhos, Vicente, 10, e Emília, 6. A saudade dos parentes e amigos brasileiros se agravou com o fechamento das fronteiras. Nos mais de três anos, eles não conseguiram visitar o Brasil nenhuma vez. E, desde o início de 2020, também não podiam receber visitas lá. “Estamos há pelo menos dois anos sem ver nossas famílias presencialmente”, diz.

No começo da pandemia, como a Ásia era a região mais afetada, a preocupação era maior com quem estava por lá. Depois, esse eixo mudou. “Não tivemos aqui em Tóquio as mesmas privações que muitos tiveram ao redor do mundo. Nem de longe sofremos como o brasileiro sofreu com uma condução completamente equivocada da pandemia. É verdade que a vacinação por aqui patinou, demorou a engrenar. Mas, em pouco tempo, acabou avançando e proporcionando uma liberdade maior”, relembra ele.

Carlos Gil diz que sempre gostou de ter a vida muito planejada, “cercada de cuidados para lidar com imprevistos”. Mas o coronavírus virou tudo de cabeça para baixo. “Foi preciso lidar com muitos imprevistos. Todos os dias. Incertezas, inseguranças. E, ao mesmo tempo, cuidar da vida pessoal, da família.”

Além dos aprendizados profissionais, ele afirma que lidar com essa intensa relação entre vida pessoal e trabalho foi o grande marco do período como correspondente. Também salienta que a experiência pessoal de morar no Japão foi “incrível e inesquecível” e que não considera que a adaptação tenha sido difícil.

“Acho que desenvolvemos uma relação de casa com um lugar que não é exatamente a nossa casa. Mas onde nos sentimos muito bem acolhidos e recebidos.” O jornalista acrescenta que Tóquio é uma cidade “muito funcional, segura e agradável”, mas pondera que não existe lugar perfeito e que o Japão também tem vários problemas.

“Para minha filha menor, que vai fazer sete anos, Tóquio é a realidade, o mundo, o quintal dela. Os meus dois filhos vão levar esse lugar para sempre na memória deles,” diz.

Embora feliz com o retorno, Gil também se mostra preocupado com a falta de segurança do Brasil e como isso vai impactar na vida dos seus filhos, que desfrutam de muita liberdade no Japão.

“Aqui podemos usufruir de cada canto da cidade, a qualquer horário, sem sentir medo [..]. Um bom exemplo é o trânsito. Como deixar duas crianças circularem pelas ruas do Rio de bicicleta, sozinhos, sem nenhum tipo de preocupação, como eles fazem aqui em Tóquio? Seria até uma irresponsabilidade. Então, vai ser todo um processo, mas estou feliz de voltar para casa.”

O seu último trabalho como correspondente é a cobertura do Mundial de Ginástica Artística, que é disputado até domingo (24) em Kitakyushu. “Com os resultados das Olimpíadas, o Mundial ganhou ainda mais relevância para o público e para o esporte brasileiro. Então, não dá para fugir muito do lugar comum e chamar este evento de uma chave de ouro para fechar esses mais de três anos aqui”, salienta ele.

Questionado se gostaria de repetir a experiência de correspondente, Gil responde que sim. “Mesmo tendo viajado muito durante a carreira, por tantos anos, foi a primeira vez que vivi fora do Brasil. E gostei bastante dessa visão de longe, de fora, essa oportunidade de aprender, de crescer pessoal e profissionalmente”, conclui.

Por Karina Matias 

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