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Cristiana Oliveira diz que remake de ‘Pantanal’ é necessário e elogia nova Juma

Apesar de ter consagrado Cristiana Oliveira, o papel de Juma não foi escrita para ela e a atriz teve que brigar para conseguir a oportunidade

Cristiana Oliveira, 57, está em festa. A atriz, que despontou para o sucesso ao da vida a Juma Marruá em “Pantanal” (TV Manchete, 1990), não estará no remake da novela, mas é como se estivesse. Ela celebra a apresentação da trama para as novas gerações e aprovou a escolha de Allanis Guillen, 23, para interpretar a personagem que foi sua há 30 anos.

A atriz diz que mandou uma mensagem para Allanis quando soube da sua escolha para a versão que está sendo produzida pela Globo e deve se encontrar em breve com “sua sucessora” para almoçar e conversar sobre o papel. “Eu tenho a intuição de que ela vai representar muito bem [a Juma], e estarei disponível sempre que ela precisar”, diz a veterana.

Apesar de ter consagrado Cristiana Oliveira, o papel de Juma não foi escrita para ela e a atriz teve que brigar para conseguir a oportunidade. Na época, ela estava na novela “Kananga do Japão”, também da extinta TV Manchete, quando o diretor Jayme Monjardim lhe ofereceu o papel de Muda em “Pantanal”, que teve Benedito Ruy Barbosa como autor.

Mas quando a atriz leu as falas da Juma ficou enlouquecida pela personagem e insistiu muito até o diretor lhe dar o papel. “Jayme Monjardim não acreditava em mim, eu insisti e ele acabou cedendo. A Juma era para ser minha, era uma coisa que eu não sei de onde veio, estava escrito.”

Segundo Cristiana Oliveira, a composição de Juma aconteceu já nas gravações, quando ela incorporou a personagem de um jeito que não tinha vergonha de tirar a roupa. “Juma era quase uma índia, não tinha essa conotação que as pessoas falavam, como se eu fosse uma musa, eu não tinha pensado nisso.”

Questionada se voltaria para o remake, a atriz diz que desta vez vai acompanhar só como espectadora. “A nossa história está muito bem representada por Almir Sater e o Marcos Palmeiras”, brinca ela, se referindo aos dois atores da trama original, que voltarão para a segunda versão.

Mais do que conhecer a história de Juma, Cristiana Oliveira aponta o remake como necessário para a nova geração conhecer a história do Pantanal e seus moradores, que representam uma parte muito grande do Brasil. Mas destaca que a história deve ser apresentada pela nova geração de atores.

“Não é que o meu tempo já passou, eu já fiz, já está eternizado. A Juma já virou persona, já faz parte de mim. Eu acho que é muito bacana deixar as coisas novas acontecerem, mas isso não é um desprezo aos atores antigos.”

A atriz, que costuma ser muito crítica com a sua atuação, revela que durante a pandemia assistiu novamente à novela pelo YouTube e chorou como espectadora. Ela também riu dos efeitos especiais usados na época para mostrar a transformação da Juma em onça.

“Pegou a nossa geração, tinha o realismo fantástico e o efeito especial da sobreposição da cara de onça [na Juma] que hoje, no século 21, a gente diria que é tosco. [No remake] vai ser bem diferente da minha época”, diz, rindo.

Cristiana Oliveria recorda como o ecoturismo no Pantanal ganhou força com a novela. Segundo ela, o bioma virou atrativo mundial, com direito a inauguração de grades hotéis na região. “Antes havia pousadinhas apenas para os homens que iam fazer pesca esportiva.”

A esperança da atriz é que remake mostre a riqueza da área, a beleza do brasileiro raiz, as comunidades ribeirinhas e o fazendeiro preocupado com a natureza, como o personagem José Leôncio. E, com isso, ela torce para que a atenção das pessoas se volte para a região, que sofreu com grandes incêndios no ano passado.

Além de despertar a atenção dos telespectadores, a versão da década de 1990 também deixou Cristiana Oliveira “seriamente apaixonada” pelo Pantanal. Tanto que ela traz tatuada no corpo uma onça, em homenagem à novela, e se tornou voluntária ativa da ONG SOS Pantanal.

A atriz já fez várias expedições pela região para entregar cestas básicas, mudas de árvores para plantar nas matas ciliares e computadores para as escolas ribeirinhas, e pretende fazer uma nova visita no final deste ano. Na última visita, ela passou 12 horas em uma chalana -pequena embarcação- para chegar a uma comunidade ribeirinha e ainda visitou uma aldeia indígena.

“Tem que ter muito envolvimento, e a motivação para mim é muito maior [do que as dificuldades da viagem]. Mesmo que eu não fosse famosa, que não tivesse essa voz, eu iria. A novela me apresentou essa riqueza toda maravilhosa.”

Além da emoção de ver “Pantanal” ganhando uma nova versão, a atriz também pode comemorar o retorno de “O Clone” (Globo, 2001), no Vale a Pena Ver de Novo, a partir de outubro. Ou no caso dela nem tantas comemorações: “O povo vai voltar a me ataca”, brinca.

Cristiana Oliveira interpretava Alicinha na trama de Glória Perez, um jovem que se torna amante de Escobar (Marcos Frota). “Reprisou no [canal pago] Viva e eu recebi mensagens no Instagram sendo xingada de tudo quanto é nome: ‘sua vagabunda’, ‘você roubou o marido'”, recorda ela rindo.

A atriz diz ser “muito doido” ser odiada por uma personagem. Ela conta rindo que usa o mesmo cabelo com rabo de cavalo da personagem e tem certeza que vai ser chamada de Alicinha na rua, mas isso não muda no carinho que tem pelo papel: “Foi um presente da Glória Perez.”

Por Martha Alves

 

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