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Harry Styles lança seu melhor disco solo, com energia arroz de festa

Álbum "Harry's House" será lançado na próxima sexta-feira (20), em todas as plataformas digitais

Não é de hoje que Harry Styles quer se desvincular da imagem de garotinho de boyband, fama que adquiriu na sua fase de One Direction. Entre suas várias tentativas, que incluem desde músicas sobre sexo oral até looks de vestido, a mais madura até agora é “Harry’s House”, seu terceiro disco solo, que chega às plataformas digitais no próximo dia 20.

Quando apostou numa imagem rockstar à lá David Bowie e Fleetwood Mac, no seu primeiro álbum solo, de 2017, Styles soou pouco original. Dois anos depois, foi a vez de “Fine Line”, disco que trouxe canções de produções mais robustas e que mesclava um soft rock com o pop contemporâneo -o que até lhe rendeu uma boa obra e hits lucrativos, mas nada muito além disso.

Se comparado a essas versões, o Styles de “Harry’s House” é não só mais autêntico, mas também mais ousado -ainda que numa embalagem limitada.

Com uma pegada oitentista, o álbum abre com uma de suas melhores faixas, “Music For a Sushi Restaurant”, que traz um bumbo marcante, num synthpop com toques de rock, R&B e soul. A canção sintetiza bem a nova era do músico e soa como um convite à balada estilo anos 80 evocada pelo restante da obra.

Na mesma atmosfera, “Late Night Talking” -que junto com “Boyfriends” e “As it Was” já havia sido apresentada pelo cantor no Coachella deste ano– oferece uma onda vibrante, com sintetizadores demarcados numa harmonia pop. Isso também aparece em “Grapejuice”, que traz uma guitarra abafada, melismas agudos, vocal distorcido e trechos com um gostinho psicodélico que lembra um pouco o estilo de bandas como Tame Impala e MGMT.

Primeira canção do ano a receber um disco de platina, “As It Was” -que explodiu no TikTok pouco após o lançamento de seu videoclipe, no fim de abril– segue a mesma linha dançante e remete a “Take On Me”, do A-Ha, com teclado e bateria pulsantes.

Toda essa estética eletrônica arroz de festa também está em faixas como “Cinema” e “Daydreaming”. Não é, porém, a única a compor o disco. Dividido em lados A e B, ele surfa ainda em canções de folk, com batidas mais suaves e letras de coração partido e apaixonado.

Nessa parte mais sóbria de “Harry’s House”, o estilo que predomina é de intimidade e calmaria –como se Styles resolvesse sacar um violão eletroacústico no meio de uma balada agitada, que, como sugere o nome do álbum, acontece em sua própria casa.

O folk das faixas “Little Freak”, “Matilda” e “Boyfriends” vão na direção contrária da principal potência do disco e soam um tanto quanto clichê, lembrando muito do que o cantor já fez várias vezes desde que despontou, no começo dos anos 2010, na extinta One Direction. Já “Keep Driving”, “‘Satellite” e”Love Of My Life” são folks mais significativos para sua nova era e evitam harmonias simplistas.

Em relação às letras, se “Fine Line” era voltado a “sexo e tristeza”, como o próprio Styles definiu na época de lançamento, “Harry’s House” traz versos não só sobre dores e tesão, mas também sobre rotinas banais -rodeadas por elementos como jardins, sushis, sucos e cinemas.
Styles disse recentemente à rádio americana SiriusXM que este é o primeiro trabalho que realizou a partir de uma sensação de liberdade, sem pressões sobre o passado. Exagero ou não, sua declaração condiz bastante com o sentimento que o álbum evoca.

Produzido por Tyler Johnson e Kid Harpoon, “Harry’s House” mostra um músico mais calejado e promissor. Suas referências oitentistas são executadas com mais personalidade do que as influências de seu primeiro disco, que pouco o deixaram aparecer. E as virtudes “Fine Line” surgem intensificadas.

Ainda assim, o ex-boyband poderia ter ido além e dispensado derrapar em clichês de sua própria trajetória. “Harry’s House” é a prova de que Styles funciona melhor quando sai do pop-mesmice e da persona rockstar.

HARRY’S HOUSE
Quando A partir de 20 de maio
Onde Em todas as plataformas digitais
Autor Harry Styles
Gravadora Columbia Records
Avaliação Muito Bom

Por Marina Lourenço 

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