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FolhaPress

Fãs de Pelé enfrentam madrugada à espera de velório

O velório, que será aberto ao público e ininterrupto até as 10h de terça (2)

Foto: Reprodução

Antônio da Paz, 69, ainda morava no Sul da Bahia quando ouviu o locutor do rádio gritar alucinadamente. Era a narração do milésimo gol de Pelé, em pênalti contra o Vasco no Maracanã, no Rio, em 10 de novembro de 1969.

Essa história ele não se cansava de contar no começo da madrugada desta segunda-feira (2) em frente a um dos portões da Vila Belmiro.

Seu Antônio da Paz era o terceiro colocado na fila para ver o corpo do ex-jogador que vai ser velado no campo do estádio do Santos, a partir das 10h desta segunda.

Com roupa amarela, uma coroa na cabeça e uma réplica da taça da Copa do Mundo na mão, o ajudante de vendedor ambulante pegou um ônibus em Santo André, na Região Metropolitana de São Paulo, onde mora atualmente, e chegou à porta da Vila na hora do almoço de domingo (1), e só arredou pé do seu lugar para ir ao banheiro.

“Fiquei três dias na porta do hospital Albert Einstein, na zona sul de São Paulo rezando por ele”, afirmou, mostrando um cartaz em que pedia orações pela recuperação de Pele, que morreu na última quinta-feira (29) vítima de câncer.

Por volta da 1h o corredor cercado por grades, por onde passarão os torcedores, tinha cerca de dez pessoas. Entre elas estava o pintor Emílio Carmo, 58, morador na Casa Verde, zona norte de São Paulo.

Ainda criança, assistiu ao um jogo do Santos no antigo estádio Palestra Itália, na Pompéia, zona oeste. E nunca mais deixou de ser santista. “O Santos empatou em 1 a 1 com o Palmeiras, com gols de Pelé e Ademir da Guia, olha que privilégio eu tive”, afirmou o torcedor que chegou na fila por volta das 11h de domingo.

Vestido com a camisa do clube e uma bolsa com lanches de pão com mortadela e água, o torcedor disse que estava ali pela mãe, santista fanática, e que morreu há seis meses aos 93 anos.
Por volta de 1h20, a servidora pública Adriana Bonfim, 53, buscava informações sobre o velório aos que estavam na fila. Ela havia acabado de chegar.

Moradora em Brasília, a torcedora do Flamengo pegou um avião por volta das 18h, pousou no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, alugou um carto e desceu a serra apenas para acompanhar o enterro do Rei do Futebol.

“Vim por tudo que ele representou para o país”, afirmou. “Tentei convencer os homens da família, em vão. E como achei uma passagem aérea com preço bom, vim sozinha mesmo.”

O corpo de Pelé era esperado por volta das 3h30 na Vila Belmiro, que já conta com tapumes para evitar o acesso das pessoas por onde o carro funerário vai entrar.

O velório, que será aberto ao público e ininterrupto até as 10h de terça (2).

O enterro, no cemitério Memorial Necrópole Ecumênica, terá acompanhamento apenas de parentes e pessoas próximas.
Haverá um cortejo pelas ruas de Santos, até o canal 6, onde mora dona Celeste, mãe do jogador.

Por Fábio Pescarini

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