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FolhaPress

‘Mundo descobriu que vôlei de praia é barato e dá medalha’, diz Alison após eliminação

Eliminação da dupla Alison e Álvaro nas quartas de final das Olimpíadas de Tóquio levou o país a um cenário inédito de não subir no pódio

Alison e Álvaro, vôlei de praia
Foto: Wander Roberto/COB

A eliminação da dupla Alison e Álvaro nas quartas de final das Olimpíadas de Tóquio levou o país a um cenário inédito de não subir no pódio desde que o vôlei de praia estreou nos Jogos, em Atlanta-1996. Foram 13 medalhas conquistadas desde então, sendo ao menos duas por edição (três em Sidney-2000).

Nenhuma das quatro duplas brasileiras, duas masculinas e duas femininas, chegou às semifinais no Japão. Última esperança de pódio para o Brasil, Alison e Álvaro perderam na noite desta terça-feira (3) a disputa das quartas de final para Martins Plavins e Edgar Tocs, da Letônia, por 2 sets a 0 (parciais de 21/16 e 21/19).

Em entrevista após a desclassificação, Alison, ouro em 2016 com Bruno Schmidt, fez um balanço do desempenho da dupla com Álvaro.

Falou em falta de concentração, erros técnicos, mas aproveitou para reclamar da falta de investimentos para a revelação de novas duplas no circuito nacional e a presença de mais nomes no cenário mundial do esporte.

Ele ainda destacou nesse contexto o surgimento de mais países, como Letônia, Noruega e Suíça, na briga por medalhas olímpicas.

Na chave feminina em Tóquio, uma dupla de suíças enfrenta americanas na semifinal, e uma da Letônia encara outra da Austrália. No masculino, uma das disputas é entre Noruega e Letônia. Alemanha e Comitê Olímpico Russo e Qatar e Itália ainda brigam para chegar à semifinal.

“O mundo descobriu que o vôlei de praia é um esporte barato, dá resultado e traz medalha. O Brasil está parado. O Brasil e os Estados Unidos não dominam mais, e a gente tem que sentar e conversar”, disse Alison ao ser questionado sobre o tema.

“Não é desculpa, não estou falando do jogo de hoje (terça), quero deixar bem claro. Quero falar como o mundo está evoluindo e nós estamos parados na década de 1990. Temos matéria prima, os atletas, técnicos, e ainda estamos esperando um pouco. O mundo está capotando”, disse.

Antes da queda de Alison e Álvaro, três duplas brasileiras ficaram pelo caminho nas Olimpíadas de Tóquio. Bruno Schmidt e Evandro foram eliminados nas oitavas de final pela mesma dupla da Letônia que derrotou os colegas brasileiros na terça.

No feminino, Ágatha e Duda caíram para uma dupla da Alemanha, também nas oitavas, e Ana Patrícia e Rebeca deixaram Tóquio nas quartas após derrota para as suíças.

“O Brasil ganhou medalha de ouro em 2016 e não mudou nada, não teve investimento, ficou tudo parado, do mesmo jeito, menos etapas [circuito nacional], esperando Alison e Bruno, como foram Ricardo e Emanoel”, ressaltou Alison.
Aos 34 anos, ele diz que não sabe se terá condições de disputar mais um torneio olímpico -o próximo será em Paris-2024. Ele afirmou que precisa seguir competitivo.

Álvaro, 30, por sua vez, disse que certamente vai trabalhar por mais um ciclo de Jogos. “Gostei muito do que vivi aqui”, afirmou.

Na avaliação de Alison, a questão de investimentos é importante para evitar que se foque apenas um grupo restrito de jogadores, e que novas gerações surjam no curto e no longo prazo no vôlei de praia.

“Quando comecei a jogar vôlei, o circuito brasileiro tinha 24 etapas, quanto mais você joga, mais aparecem jogadores. Quanto mais o sistema fica seletivo, pegando um atleta e dando tudo para ele, com menos atletas, mais roleta russa fica”, acrescentou.

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