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FolhaPress

Foi como um tsunami, diz vizinha de aquário que explodiu em Berlim

A causa da explosão ainda é desconhecida

Foto: Reprodução

A americana Marielle Tierney, 46, achou que uma bomba tivesse caído perto de seu apartamento ao ser acordada por uma explosão por volta das 5h40 da manhã desta sexta-feira (16/12). Vizinha do hotel Radisson, em Berlim, o que ela ouviu foi o som de um aquário de 16 metros de altura se rompendo e espalhando mais de mil toneladas de água e detritos em uma rua no movimentado distrito de Mitte.

“Nosso apartamento fica no mesmo complexo que o hotel, então [o barulho] foi alto”, diz ela, que atua como voluntária recebendo refugiados ucranianos na estação central de trem em Berlim, por email à reportagem. O complexo de lazer abriga ainda um museu, lojas e restaurantes, além do AquaDom, que a administração chamava de o maior aquário cilíndrico independente do mundo.

Tierney conta que, assim que acordou, abriu a porta de sua varanda e se deparou com seguranças indo de um lado para o outro. Demorou cerca de cinco minutos para a polícia e os bombeiros chegassem ao local –cem socorristas foram acionados segundo a polícia.

A princípio, a fumaça era tanta que ela mal conseguia enxergar o entorno. Foi só quando ela se dissipou e o sol nasceu que a devastação ficou visível, prossegue Tierney: vários dos restaurantes do complexo foram destruídos, e a garagem foi alagada, assim como as unidades de armazenamento localizadas ali, das quais ela tentou salvar alguns de seus pertences.

“É como os danos de um tsunami”, compara a americana, afirmando estar aliviada que não houve mortes. “Tenho certeza de que haveria se [a explosão] tivesse acontecido mais tarde”, acrescenta.
A fala é semelhante àquele feita pela prefeita de Berlim, Franziska Giffey, em uma entrevista à emissora RBB. “Se isso não tivesse acontecido às 5h45 [1h45, em Brasília], mas apenas uma hora depois, provavelmente teríamos perdas humanas terríveis para relatar”, afirmou.

Segundo a polícia municipal, duas pessoas ficaram feridas pelos estilhaços após a explosão, incluindo um funcionário do Radisson. Cerca de 350 hóspedes do hotel deixaram as suas premissas a pedido das equipes de emergência, que temem danos estruturais. Como a temperatura do exterior estava em torno dos -7º C pela manhã, ônibus foram enviados para acolhê-los.

Em um email enviado aos membros de seu clube de vantagens, a rede Radisson afirmou que o hotel ficará fechado indefinidamente. A companhia Aquadom, que operava um elevador no centro do aquário, também anunciou que encerrou suas atividades por enquanto.

A causa da explosão ainda é desconhecida, mas uma das suspeitas das autoridades é de que as baixas temperaturas tenham provocado rachaduras na estrutura, que acabou cedendo à pressão das mil toneladas de água.

Segundo as autoridades, todos os 1.500 peixes que viviam no aquário morreram. Agora, bombeiros e funcionários do complexo de lazer onde a estrutura ficava tentam salvar outros 500 peixes menores que estão alojados em aquários sob o saguão do hotel. Isso porque a explosão afetou a energia do edifício, e a falta de eletricidade interrompeu o fornecimento de oxigênio necessário para a sobrevivência dos animais.

O AquaDom foi fechado para reformas em outubro de 2019. Devido à Covid, seguiu fechado por quase três anos, até junho deste ano. Segundo a empresa que o administra, o aquário abriga espécies que vão de peixes-palhaços, como o do filme “Procurando Nemo”, a cavalos-marinhos, águas-vivas e arraias.

Por Clara Balbi

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