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FolhaPress

Boric anuncia gabinete dominado pela esquerda moderada e com maioria de mulheres

Relatório é do Centro Europeu de Controle de Doenças

Foto: reprodução

O presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, divulgou na manhã desta sexta-feira (21/01) os ministros que formarão seu governo a partir do dia 11 de março. Entre os 24 cargos anunciados, prevalecem nomes moderados, muitos dos quais vinculados ao Partido Socialista, que integrou a coalizão de centro-esquerda Concertação, e à Apruebo Dignidad, aliança pela qual o ex-líder estudantil concorreu à Presidência.

A média de idade do novo ministério é de 49 anos e reflete a mudança geracional que a eleição de Boric, 35, o mais novo a ser escolhido para o cargo, significa. O gabinete também terá maioria feminina, com 14 mulheres e dez homens, e maior representatividade das diferentes regiões do país: nove dos selecionados pelo presidente eleito são de áreas fora da zona metropolitana da capital Santiago.

O ministro da Fazenda será Mario Marcel, do Partido Socialista, que até esta quinta (20/01) era o responsável pelo Banco Central. O engenheiro, formado na Universidade do Chile e pós-graduado pela Universidade Cambridge, no Reino Unido, não pôde participar da cerimônia no jardim do Museu Nacional de Historia Natural porque está em isolamento depois de entrar em contato com uma pessoa com Covid.

Considerado moderado, ele, que participou de diversos governos depois do fim da ditadura militar no país, terá a missão de acalmar os mercados que se inflamaram no dia seguinte à vitória de Boric.

Uma das estrelas da campanha, a médica Izkia Siches, estrategista da reta final da disputa, será a primeira mulher a comandar o Ministério do Interior. Outros colaboradores próximos a Boric e companheiros nos protestos estudantis de 2011 também terão papel destacado. Giorgio Jackson será o secretário-geral da Presidência, e Camila Vallejo, a porta-voz. Ela, que pertence ao Partido Comunista, vem articulando a relação entre Boric e a legenda, que cobra do eleito uma postura mais radical.

Nos últimos dias, por exemplo, setores vinculados à sigla e à esquerda de Boric realizaram manifestações para pressioná-lo, pedindo a liberação imediata de pessoas detidas durante as manifestações de 2019 e em protestos de representantes do povo mapuche que terminaram em violência.

Boric afirmou que os ministros terão três tarefas principais. A primeira é seguir com luta à “difícil situação causada pela pandemia” e com “a exitosa estratégia de vacinação, cuidando também do emprego e da saúde mental”. “Temos de reconstruir a economia sem repetir as desigualdades que existem hoje.”

A segunda, acrescentou, é trabalhar pela aprovação das grandes reformas, “a previdenciária e a administrativa, para que possamos melhorar a vida da população do sul e acabar com a violência histórica contra a nação mapuche”. Por fim, afirmou que o terceiro compromisso é “cuidar do processo constituinte e garantir que a assembleia realize o trabalho com todas as condições e que o plebiscito seja vitorioso”.

Outro destaque entre os ministros escolhidos é a ex-deputada Maya Fernández Allende, neta do presidente socialista Salvador Allende, derrubado no golpe de Estado de 1973. Outros socialistas com cargos no ministério são o economista e ex-senador Carlos Montes, em Habitação e Urbanismo, e Antonia Urrejola, que trabalhou na Corte Interamericana de Direitos Humanos e que atuará como chanceler.

Ex-subsecretária de Saúde de Michelle Bachelet, Jeanette Vega será ministra do Desenvolvimento Social, e a deputada Marcela Hernando comandará a pasta de Mineração. O liberal Juan Carlos García será o titular de Obras Públicas, e o Esporte será confiado a Alexandra Vergara, ex-jogador da seleção de futebol.

Por Sylvia Colombo

 

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