Boris elogia AstraZeneca em reunião bilateral, e Bolsonaro diz que não se vacinou
Jornal centenário descreveu o presidente brasileiro como "o populista de direita" que tem feito "afirmações estranhas sobre as vacinas"
Em Nova York para participar da Assembleia-Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teve um encontro com o premiê britânico, Boris Johnson, nesta segunda (20). O líder do Reino Unido aproveitou o espaço para elogiar a vacina da Oxford-AstraZeneca e lembrar que já tomou as duas doses. Em resposta, o mandatário brasileiro disse que ainda não se vacinou.
De acordo com relato de um repórter do tabloide londrino Evening Standard que estava na reunião, Johnson teria dito que “AstraZeneca é uma ótima vacina; eu a tomei”. No final do encontro, emendou: “Obrigada a todos, eu já tomei as duas doses”. Bolsonaro, então, apontou para si mesmo e, por meio de um intérprete, disse, rindo, que ele não havia tomado.
O Evening Standard, jornal centenário, descreveu o presidente brasileiro como “o populista de direita” que “tem feito afirmações estranhas sobre as vacinas, incluindo que elas poderiam transformar pessoas em jacarés.”
Outros assuntos foram tratados na reunião. O premiê britânico Boris Johnson prometeu ao presidente Jair Bolsonaro que irá rever os bloqueios à entrada de viajantes no Reino Unido em 4 de outubro, segundo um dos participantes que esteve no encontro entre os dois líderes em Nova York.
O Brasil está na chamada lista vermelha, que exige aos viajantes que chegam ao Reino Unido cumpram quarentena em hotéis designados pelo governo. Com a revisão, poderia ter condições mais brandas.
Sem a liberação de entrada, os brasileiros terão dificuldade para viajar para a COP-26, conferência do clima que será realizada em Glasgow, na Escócia, em novembro.
Boris também teria elogiado a antecipação da meta brasileira de neutralidade de carbono de 2060 para 2050, anunciada na cúpula do clima, em abril.
A reunião também tratou da possibilidade de o Reino Unido enviar recursos para ajudar o Brasil a reduzir a emissão de poluentes e preservar a natureza e de acordos comerciais. “Brincamos que eles querem vender uísque para nós e nós queremos vender café”, comentou o participante.