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Príncipe William diz que crescimento populacional na África ameaça vida selvagem

Segundo na linha de sucessão participava de premiação voltada a líderes africanos em conservação das florestas

O príncipe William foi alvo de críticas na última segunda-feira (22/11) após afirmar que o crescimento populacional na África colocaria em risco a vida selvagem no continente, representando um desafio mundial. Projeções das Nações Unidas mostram que a população africana, hoje em torno de 1,3 bilhão de habitantes, deve dobrar até 2050.

William, segundo na linha de sucessão ao trono britânico, participava de uma cerimônia do Tusk Conservation Awards, premiação voltada para líderes africanos em conservação das florestas, em Londres. Durante seu discurso, o príncipe afirmou que o continente está na linha de frente da conservação florestal e tem uma diversidade inspiradora.

Então, emendou: “A crescente pressão sobre a vida selvagem na África como resultado da população humana é um enorme desafio para os que defendem o meio ambiente”. As falas de William, que logo levantaram críticas nas redes sociais, foram inicialmente divulgadas pelo jornal britânico The Times.

O argumento é recorrente nas manifestações públicas do príncipe sobre o tema. Em 2017, quando participava de um evento da mesma organização, ele disse que a população mundial em rápida expansão estaria arruinando o meio ambiente. Na ocasião, também foi prontamente criticado, já que sua esposa, Kate Middleton, estava grávida do terceiro filho do casal.

Para parte dos críticos, a fala do britânico tem um fundo colonialista –a Grã-Bretanha teve diversas colônias na África. “O príncipe William precisa cuidar de seus próprios negócios e levar sua mentalidade neocolonial para outro lugar”, escreveu a jornalista britânica Nadine Batchelor-Hunt em uma rede social.

Outros afirmam que a declaração ignora o fato de a maior parte da responsabilidade pelas mudanças climáticas acarretadas pelo desmatamento estar nas mãos de nações mais desenvolvidas –muitas delas europeias. Estudo da Oxfam divulgado no ano passado mostra, por exemplo, que uma pessoa no Reino Unido leva apenas cinco dias para emitir a mesma quantidade de dióxido de carbono, principal gás causador do efeito estufa, que alguém em Ruanda em um ano.

Outras pesquisas, porém, chancelam em partes o argumento do duque de Cambridge. Levantamento realizado na Universidade Flinders, da Austrália, e publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature, em 2019, por exemplo, apontou que o rápido crescimento populacional causará degradação ambiental generalizada na África.

Os pesquisadores responsáveis criticam o fato de os ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) das Nações Unidas não contemplarem a redução do tamanho da população humana como um dos caminhos.

“Planejamento familiar e políticas governamentais que tentem limitar o crescimento populacional e promover desenvolvimento econômico que não comprometa a integridade ambiental são necessários para apoiar a sustentabilidade em toda a África”, disse, à época, o pesquisador-chefe, Corey Bradshaw, do Laboratório de Ecologia Global.

William e sua família têm buscado se engajar em temas ambientais. O Reino Unido recentemente abrigou a COP26, conferência do clima, na Escócia. O príncipe e seu pai, Charles, foram ao evento. A rainha Elizabeth vinha se envolvendo pessoalmente em assuntos ligados ao encontro, mas cancelou sua participação por recomendação médica.

O duque de Cambridge também vem defendendo que os países aumentem os esforços relacionados ao meio ambiente e, recentemente, pediu “mais do que palavras” e criticou a corrida pelo turismo espacial.

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