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FolhaPress

Vacinas da Pfizer e da Moderna protegem contra Covid por mais tempo, diz pesquisa

Estudo foi conduzido por cientistas das universidades Yale e da Carolina do Norte e publicado na última sexta (15), na revista científica PNAS

Foto: Myke Sena/MS

Vacinas contra Covid-19 desencadeiam diferentes períodos de imunidade e aquelas que utilizam a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) são as que protegem por mais tempo, segundo estudo conduzido por cientistas das universidades Yale e da Carolina do Norte publicado na última sexta (15) na revista científica PNAS.

A pesquisa buscou estimar a probabilidade de infecções futuras por Sars-Cov-2 entre quem já contraiu o vírus e em pessoas imunizadas com as vacinas da Pfizer, Moderna, AstraZeneca ou Janssen. Para tanto, foram compilados os dados de dez estudos anteriores que avaliaram a resposta induzida pelos imunizantes e pela exposição ao vírus e compara o nível de anticorpo IgG anti-S ao longo do tempo.

Tanto os anticorpos por infecção natural quanto os induzidos por vacinas diminuem gradativamente, aumentando a probabilidade de infecções, porém as taxas são diferentes em cada caso.

Segundo os autores, enquanto a mediana do tempo para infecção após a vacinação com doses da Moderna e da Pfizer é de 29,6 meses, a observada com as vacinas da AstraZeneca e da Janssen é de 22,4 e 20,5 meses, respectivamente. No caso das infecções naturais, a mediana é de 21,5 meses.

A partir desses números, os pesquisadores sugerem quando aplicar novas doses. Para permitir não mais do que 5% de probabilidade de infecção futura como consequência do declínio da imunidade, eles indicam que as pessoas totalmente vacinadas com Moderna e Pfizer recebam o primeiro reforço pós-vacinação dentro de um ano e que os totalmente imunizados com AstraZeneca e Janssen tomem a dose de reforço em cinco meses e 4,5 meses, respectivamente.

Para o médico infectologista Alexandre Naime Barbosa, professor na Unesp e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, o artigo contribui com informações importantes. A primeira é que o pico e a duração da imunidade com vacinas de mRNA são muito maiores do que aqueles por infecção natural, contrariando a ideia de que é melhor se expor ao vírus para adquirir anticorpos. O estudo também confirma que vacinas de mRNA oferecem maior proteção do que aquelas por vetor viral.

“Isso, porém, não inviabiliza os imunizantes de vetor viral porque eles conferem anticorpos e reduzem as chances de hospitalização e óbito”, ressalta o professor. Ele destaca também que, com o avanço da variante ômicron, a resposta por infecção natural pode agora ser mais curta do que a indicada no artigo, ampliando a distância entre o nível de proteção por contrair a doença e o oferecido pelas vacinas.

Por outro lado, tanto Barbosa quanto a médica imunologista Cristina Bonorino, professora da UFCSPA (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre) e integrante do comitê científico da Sociedade Brasileira de Imunologia, advertem que o estudo não considerou a ação das células T, imprescindíveis nas respostas antivirais.

“Os anticorpos impedem cargas virais mais altas, mas o que protege mesmo são as células T. É comum as pesquisas analisarem apenas anticorpos porque é mais fácil medi-los, mas essa não é toda a história, não podemos nos basear apenas neles”, diz Cristina Bonorino.

Ela comenta que o ideal seria cruzar dados de anticorpos, células T, número de casos e variantes e que ainda não há um modelo matemático para essa análise. “O problema no Brasil é que não temos dados claros do Ministério da Saúde”, critica a professora.

Foi por não conseguirem encontrar dados suficientes que os pesquisadores não incluíram a Coronavac em sua análise, conta Jeffrey Townsend, professor na Escola de Saúde Pública de Yale e autor principal do artigo. Ele menciona, contudo, que as durabilidades relativas encontradas na pesquisa parecem corresponder às eficácias relativas apontadas nos ensaios clínicos, então seria possível especular que o tempo de proteção da Coronavac estaria abaixo de AstraZeneca e Janssen.

“Estamos trabalhando agora nos benefícios de diferentes esquemas de reforço. Os resultados ainda não passaram pela revisão por pares, mas é lógico que reforços em intervalos substancialmente maiores do que aqueles que mostramos para o primeiro reforço pós-vacinação provavelmente sejam ineficazes na supressão da infecção”, afirma Townsend.

Tanto o pesquisador quanto Bonorino acreditam que esquemas de imunização como o visto no Brasil, com vacinação com Coronavac e reforço com Pfizer, por exemplo, promovem a proteção. As dúvidas são qual combinação é melhor e quando tomar.

A médica observa ainda que, mais do que administrar reforços, o Brasil precisa neste momento priorizar a vacinação de suas crianças.

“Elas ficaram sem escola, sem vacina e voltaram às aulas sem imunização, sujeitas a complicações e Covid longa. As crianças são o grupo mais negligenciado na pandemia”.

Por Stefhanie Piozevan 

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