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FolhaPress

Derrapadas desgastam governo Lula na disputa política sobre guerra Israel-Hamas

Tom de discurso e embate do PT com embaixada de Israel são alguns dos episódios desde que a guerra eclodiu

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Integrantes do governo Lula e aliados tiveram derrapadas na disputa política quando o assunto é a guerra Israel-Hamas, gerando desgaste para a gestão petista.

O tom do discurso sobre o Hamas e a Palestina, o embate do PT com a embaixada de Israel e uma postagem anti-Israel do presidente da EBC, que resultou em sua demissão, são alguns dos episódios que acabaram dando munição para a oposição desde que a guerra eclodiu, em 7 de outubro.

Relembre alguns casos que acabaram explorados por rivais de Lula:

FALTA DE MENÇÃO AO HAMAS

Na primeira manifestação do presidente Lula sobre a guerra, ele condenou os atentados contra Israel. O mandatário disse ter ficado chocado com os ataques contra civis em Israel, que ele descreveu como “terrorismo”.

Sem mencionar o grupo islâmico extremista Hamas, que assumiu a autoria dos ataques, o mandatário afirmou que o Brasil não pouparia esforços para evitar uma escalada no conflito. O presidente, por outro lado, também defendeu ações que garantissem a existência de um Estado Palestino.

Deputados e senadores exploraram, em particular, a proximidade ideológica de alguns parlamentares do PT com a causa palestina. Alguns aliados de Lula chegaram a defender o Hamas no passado, o que ampliou o potencial de desgaste para o governo.

Também buscaram explorar o que consideram complacência do atual governo por não considerar o Hamas como um grupo terrorista. O Brasil adota a posição histórica de seguir a classificação ditada pela ONU (Organização das Nações Unidas), que não incluiu o grupo nessa categoria.

Parlamentares do PT, incluindo os atuais ministros Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), chegaram a assinar em 2021 uma nota em apoio ao Hamas, quando o Reino Unido decidiu classificá-lo como uma organização terrorista.

EMBATE PT E EMBAIXADA DE ISRAEL

O PT subiu o tom contra Israel na terça-feira (17) em uma troca de críticas públicas com a embaixada do país em Brasília. Com isso, ampliou a pressão sobre o governo no embate político sobre a guerra contra o grupo terrorista Hamas.

As declarações do partido -que disse que o representante de Israel no país “não tem autoridade moral para falar em direitos humanos”- levaram aliados de Lula a tentar nos bastidores descolar o governo da troca de acusações.

Na segunda-feira (16), o PT divulgou uma resolução sobre o conflito em que disse rechaçar “todo e qualquer ato de violência contra civis, venham de onde vierem”.

“Por isso, condenamos os ataques inaceitáveis, assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel, que realiza, neste exato momento, um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra.”

A acusação de que Israel comete crimes de guerra e genocídio provocou uma resposta da missão diplomática. Em uma rede social, a embaixada falou em “extrema falta de compreensão da atual situação”.

CASO EBC
O presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), Hélio Doyle, foi demitido nesta quarta-feira (18) após compartilhar em redes sociais publicações críticas a apoiadores de Israel.

A demissão foi confirmada nos bastidores por assessores palacianos. No entanto, o governo federal articulou uma saída para que o próprio Doyle anunciasse que ele pediu para deixar o cargo.

A demissão aconteceu horas após Doyle usar sua rede social para repostar publicação em que chama os apoiadores de Israel de “idiota”. “Não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante”, diz a postagem.
Mas essa não foi a única. O ex-presidente da EBC publicou nas redes uma série de críticas a Israel ao longo dos últimos dias. Em uma de sua autoria, ele critica veículos de mídia por sua cobertura no conflito.

OPOSIÇÃO NO CONGRESSO

Congressistas de oposição prepararam requerimentos de convocação do assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, e do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

O requerimento de convocação de Amorim na Câmara tem como justificativa pedir que ele explique fala dada em entrevista ao Painel, da Folha, no qual afirmou que o ataque do Hamas teve como origem “anos de tratamento discriminatório” de Israel contra palestinos.
Três deputados do PL ainda solicitaram aprovação de moção de repúdio a Amorim pela declaração.

PADILHA E REUNIÃO COM PALESTINOS

O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), afirmou que irá se encontrar com o presidente da Conib (Confederação Israelita do Brasil), Claudio Lottenberg, em novembro.

O anúncio foi feito após a oposição ter explorado um encontro de Padilha, antes da eclosão do conflito, com integrantes do Instituto Brasil Palestina e com o representante do Brasil junto ao Estado da Palestina, Alessandro Candeas.

Padilha também foi criticado por receber, na ocasião, um assessor parlamentar que, no dia dos ataques, debochou nas redes sociais de uma das vítimas israelenses. Sayid Tenório acabou exonerado do cargo que ocupava no gabinete do deputado Márcio Jerry (PC do B-MA).

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