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FolhaPress

Ex-advogado de Flávio Bolsonaro teve promoção relâmpago na Caixa

Luis Gustavo Botto Maia conseguiu um cargo em Brasília com apenas oito meses de trabalho na Caixa

Caixa
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ex-advogado de Flávio Bolsonaro e investigado no caso da “rachadinha”, Luis Gustavo Botto Maia conseguiu uma promoção relâmpago do Rio de Janeiro para um cargo em Brasília com apenas oito meses de trabalho na Caixa.

Ele passou no concurso para técnico bancário, em 2014, e começou a trabalhar na unidade da Caixa na praça Jauru, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, em abril de 2021.

Em novembro do mesmo ano, oito meses depois de começar no banco, Botto Maia foi transferido para a Diretoria Executiva de Marketing e Relacionamento Institucional, em Brasília, como substituto eventual de assessor executivo, o que elevou seu salário de R$ 3.000 para R$ 14 mil.

Nos sistemas internos da Caixa, Botto Maia ainda aparece como lotado na sua agência original, apesar de não dar expediente lá desde o ano passado.

Ele nega a ingerência de Flávio, hoje senador pelo PL, na sua mudança para Brasília. “Uma oportunidade surgiu e eu me enquadrava no perfil”, justificou.

A defesa de Pedro Guimarães também nega que o ex-presidente tenha feito qualquer movimentação para trazer o ex-advogado de Flávio para Brasília.

Botto Maia foi investigado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) no caso das “rachadinhas”. Ele chegou a ser alvo de busca e apreensão na Operação Anjo, em junho de 2020, quando trabalhava no gabinete do deputado estadual Renato Zaca (PRTB), apoiador de Bolsonaro.

De acordo com o MP, Botto Maia, que advogou para Flávio por um período durante o caso da “rachadinha”, teria obstruído a investigação e destruído provas. O MP afirma que ele assinou retroativamente registros de pontos de 2017 com o objetivo de atrapalhar a apuração dos fatos.

“Botto Maia extrapolou todos os limites do exercício da advocacia e passou a atuar de forma criminosa, em cumplicidade com funcionários da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), para obstruir a atuação da Justiça mediante adulteração de provas relevantes à investigação da organização criminosa”, diz a denúncia.

Ele chegou a responder um processo administrativo na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) por isso, mas o caso foi arquivado.

Além da adulteração de provas, o MP apontou que Botto Maia ajudou a organizar a fuga de Fabrício Queiroz, pivô do escândalo, em 2019. O ex-policial foi encontrado pelos investigadores em junho de 2020 em uma casa de Frederick Wasseff, advogado da família Bolsonaro, em Atibaia (SP).

Em conversas amealhadas pelos investigadores, Botto Maia é citado como responsável por procurar e repassar informações à mulher de Queiroz, Márcia Aguiar, e para estabelecer contato com o miliciano e ex-PM Adriano da Nóbrega, morto na Bahia em fevereiro de 2020.

Guimarães, que comandava o banco até a semana passada, é próximo da família presidencial e era tido como um dos auxiliares mais próximos de Jair Bolsonaro (PL), sendo o recordista de participações nas lives do presidente. Foram 28 transmissões desde o início da atual gestão. A última foi na semana anterior ao seu pedido de demissão.

Após as denúncias de assédio sexual e moral, Guimarães foi substituído pela ex-assessora especial do ministro da Economia, Paulo Guedes, Daniella Marques. A nova chefe da Caixa prometeu contratar uma consultoria externa para apurar os casos de assédio.

Essa não será a única investigação sobre o assunto, o MPF (Ministério Público Federal), o MPT (Ministério Público do Trabalho) e o TCU (Tribunal de Contas da União) também iniciaram procedimentos para averiguar o que acontecia no banco sob Guimarães.

Flávio disse que não teve nenhuma influência na vinda de Botto Maia para Brasília. “Gustavo Botto Maia fez concurso público para a Caixa e passou. Além de concursado, se ele está em uma função de confiança, é porque provavelmente atende aos requisitos necessários”, afirmou.

A Caixa, por sua vez, disse via assessoria que “os ritos de movimentação de empregados seguem as normas internas e obedecem a governança do banco”.

“Pedro Guimarães não conhece o Sr. Luis Gustavo Botto Maia e jamais recebeu qualquer pedido do Senador Flávio Bolsonaro em seu favor”, afirmou o advogado do ex-presidente da Caixa, o criminalista José Luis Oliveira Lima.

Por Lucas Marchesini 

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