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Gleisi cobra cúpula do Santander na Espanha por texto que cita golpe contra Lula

Documento é assinado por um analista de consultoria independente e foi enviado a clientes do banco

A deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), enviou à presidente do Banco Santander, Ana Botín, e ao conselho de administração da instituição uma carta em que cobra medidas contra um relatório que cita a possibilidade de golpe contra o ex-presidente Lula para evitar a volta do PT ao poder.

O documento é assinado por um analista de consultoria independente e foi enviado a clientes do banco. O texto fala em “perspectiva de retorno ao poder da máquina de corrupção do governo Lula” e diz que um novo governo petista representa “uma ameaça bem mais séria” que o governo Jair Bolsonaro.

“Ninguém apoiará um golpe em favor de Bolsonaro, mas é possível especular sobre um golpe para evitar o retorno de Lula”, afirma o relatório.

“Trata-se de divulgar e revestir com sua credibilidade um texto que, além de ofensivo a uma corrente política legítima, estimula uma visão golpista e antidemocrática em relação ao processo eleitoral brasileiro”, afirma Gleisi em carta à direção do banco.

A petista cobra uma retratação pública do Santander e um posicionamento sobre a relação contratual com a consultoria que produziu o relatório de análise política.

“A divulgação do documento por instituição financeira com sede em outro país revela-se ainda mais descabida pelas menções que faz à alegada conveniência de um golpe de Estado no Brasil ou de uma nova condenação política de Lula, para evitar sua eleição”, afirma a presidente do PT.

Leia, abaixo, a carta enviada por Gleisi Hoffmann ao Banco Santender:

“É de conhecimento geral a divulgação pelo Banco Santander no Brasil a seus clientes, na última semana, de documento injurioso ao Partido dos Trabalhadores e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ao fazer referência ao que chama de “máquina de corrupção do governo Lula”, tal documento ofende não apenas o ex-presidente e seu partido. Ofende a verdade e o Poder Judiciário do Brasil.

É fato de repercussão mundial que o Supremo Tribunal Federal, em julgamentos realizados em março e abril deste ano, anulou todas as condenações ilegais e injustas impostas a Lula pelo ex-juiz Sergio Moro, declarado suspeito, parcial e incompetente nas decisões do STF.

A este julgamento, que restabeleceu a inocência do ex-presidente perante a lei e a Constituição do Brasil, somam-se outras 12 decisões judiciais em diversas instâncias que o absolveram plenamente diante de denúncias sem justa causa.

Dentre estas decisões, destaca-se sentença da 12ª. Vara da Justiça Federal de Brasília, de dezembro de 2019, que absolveu Lula, ex-ministros e dirigentes do PT da falsa acusação de formação de quadrilha para desviar recursos públicos.

Além de declarar a absoluta improcedência da acusação, o juiz federal Marcus Vinícius Reis Bastos apontou na sentença: “A denúncia apresentada, em verdade, traduz tentativa de criminalizar a atividade política”.

Tais decisões judiciais, claríssimas, contrastam com a afirmação leviana e desprovida de qualquer argumento ou prova que se apresenta no documento distribuído pelo Banco Santander a seus clientes e investidores no Brasil.

A divulgação do documento por instituição financeira com sede em outro país revela-se ainda mais descabida pelas menções que faz à alegada conveniência de um golpe de Estado no Brasil ou de uma nova condenação política de Lula, para evitar sua eleição.

A manifestação pública da instituição sobre o episódio, divulgada em 13 de agosto, é totalmente insatisfatória ante a gravidade dos fatos.

Não se trata de permitir a circulação de análises, livre de censura, como alega o banco em sua manifestação. Trata-se de divulgar e revestir com sua credibilidade um texto que, além de ofensivo a uma corrente política legítima, estimula uma visão golpista e antidemocrática em relação ao processo eleitoral brasileiro.

Tais fatos, gravíssimos, cobram mais que uma retratação pública do Grupo Santander pelas ofensas a Lula e ao PT. Exigem que se posicione também sobre a relação contratual com a empresa que produziu o texto divulgado nos canais institucionais do Santander.

Sem prejuízo do atendimento à interpelação extrajudicial que estamos encaminhando à direção-executiva e ao Conselho de Administração do Banco Santander, são estes os posicionamentos que aguardamos, em respeito devido à verdade, ao nosso partido e nossos dirigentes; em respeito à Justiça e à democracia no Brasil.

Atenciosamente

Gleisi Hoffmann,

Presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores”

Por Mônica Bergamo

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