Grupo de 30 ex-presidentes pressiona Lula a condenar eleições na Venezuela
Carta enviada por líderes da América Latina e da Espanha é assinada majoritariamente por nomes da direita, como Macri, da Argentina
Uma organização formada por 30 ex-presidentes da América Latina e da Espanha publicou nesta segunda-feira (5) uma carta em que pressiona o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a assumir uma postura mais enfática em relação à crise eleitoral na Venezuela.
O texto é assinado por nomes como o argentino Maurício Macri, o paraguaio Mario Abdo, o uruguaio Luis Alberto Lacallem, o colombiano Iván Duque e o mexicano Felipe Calderón.
Nele, os líderes —majoritariamente associados à direita— afirmam que não há dúvidas de que a reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato anunciada pelo regime no final do mês passado é ilegítima, e dizem que o dirigente venezuelano se mantém no poder por meio da repressão e da “violação generalizada e sistemática dos direitos humanos” da população local.
Instam, então, Lula a “reafirmar seu inquestionável compromisso com a democracia e a liberdade, as mesmas de que gozam seu povo, e a fazê-las prevalecer também na Venezuela”.
“O que está acontecendo é um escândalo. Todos os governos americanos e europeus sabem disso”, prossegue o documento da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (Idea), fazendo referência à sequência de países que nos últimos dias reconheceram a vitória da oposição nas eleições do país, incluindo os Estados Unidos.
“Admitir tal precedente ferirá mortalmente os esforços que continuam a ser feitos com tanto sacrifício nas Américas para defender a tríade da democracia, do Estado e dos direitos humanos. Não exigimos nada diferente do que o próprio presidente […] preserva em seu país”, conclui.
Proclamada no última dia 29, um dia após a votação, e oficializada pelo órgão eleitoral venezuelano no final da semana passada, a vitória de Nicolás Maduro no pleito presidencial da Venezuela tem sido fortemente contestada.
A oposição afirma ter em sua posse uma quantidade suficiente de atas eleitorais para comprovar que o presidente eleito foi, na verdade, o seu candidato, Edmundo González. Levantamentos alternativos, feitos com base em amostragens, também apontam a vitória do opositor.
Nos primeiros dias após o pleito, a maior parte da comunidade internacional optou por agir com cautela, pedindo à ditadura a publicação das mesmas atas eleitorais que a oposição diz ter em mãos e que tornou acessíveis online —a divulgação dos documentos, que permitem cruzar informações de comprovantes de voto com o total de votos computados para cada candidato, faz parte do rito eleitoral venezuelano. O regime não os tornou públicos, no entanto, e diante de sua omissão, ao menos seis países reconheceram a vitória de González.
O governo brasileiro vem tentando articular com Colômbia e México, também comandados pela esquerda, uma solução diplomática para a crise. Enquanto isso, mantém-se em cima do muro —não reconhece nem a reeleição de Maduro, nem a vitória de González, e segue insistindo na divulgação das atas de votação.
Os signatários da carta
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Mario Abdo (Paraguai, 2018-2023)
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Óscar Arias (Costa Rica, 1986-1990 e 2006-2010)
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José María Aznar (Espanha, 1996-2004)
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Nicolás Ardito Barletta (Panamá, 1984-1985)
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Felipe Calderón (México, 2006-2012)
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Rafael Ángel Calderón (Costa Rica, 1990-1994)
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Laura Chinchilla (Costa Rica, 2010-2014)
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Alfredo Cristiani (El Salvador, 1989-1994)
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Iván Duque (Colômbia, 2018-2022)
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José María Figueres (Costa Rica, 1970-1974, 1948-1949)
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Vicente Fox (México, 2000-2006)
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Federico Franco (Paraguai, 2012-2013)
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Eduardo Frei Ruiz-Tagle (Chile, 1994-2000)
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Osvaldo Hurtado (Equador, 1981-1984)
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Luis Alberto Lacalle (Uruguai, 1990-1995)
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Guillermo Lasso (Equador, 2021-2025)
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Mauricio Macri (Argentina, 2015-2019)
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Jamil Mahuad (Equador, 1998-2000)
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Hipólito Mejía (República Dominicana, 2000-2004)
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Carlos Mesa (Bolívia, 2003-2005)
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Lenin Moreno (Equador, 2017-2021)
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Mireya Moscoso (Panamá, 1999-2004)
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Andrés Pastrana (Colômbia, 1998-2002)
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Ernesto Pérez Balladares (Panamá, 1994-1999)
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Jorge Tuto Quiroga (Bolívia, 2001-2002)
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Mariano Rajoy (Espanha, 2011-2018)
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Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica, 1998-2002)
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Luis Guillermo Solís (Costa Rica, 2014-2018)
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Álvaro Uribe (Colômbia, 2002-2010)
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Juan Carlos Wasmosy (Paraguai, 1993-1998)