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FolhaPress

Lula acena ao agro, mira conciliação e pede ‘ódio na lata do lixo’ após derrotas no Congresso

Presidente participa da abertura da Bahia Farm Show, maior feira agropecuária do Norte e Nordeste, sediada em reduto bolsonarista

Foto: Ricardo Stuckert/PR/Divulgação

O presidente Lula (PT) fez acenos ao agronegócio, defendeu uma conciliação entre pequenos e grandes agricultores e incentivou que os brasileiros joguem o “ódio na lata do lixo” para melhor conviver em sociedade.

As declarações foram dadas nesta terça-feira (6) na abertura da Bahia Farm Show, maior feira agropecuária do Norte e Nordeste sediada em Luís Eduardo Magalhães (966 km de Salvador). Na ocasião, o presidente anunciou investimentos de R$ 7,6 bilhões de para o agronegócio por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Em discurso, Lula afirmou que o governo de Jair Bolsonaro (PL) representou um retrocesso para o agronegócio, criticou o valor destinado ao Plano Safra em 2022 e defendeu a atuação do governo federal para impulsionar o setor.

“Entendemos que é obrigação do Estado criar as condições de ajudar, porque dizer ‘eu não preciso do governo’ é mentira. Todo mundo precisa do governo: o grande [produtor] precisa, o pequeno precisa e o médio precisa. Se não é o Estado colocar dinheiro, muitas vezes o agronegócio não estaria do tamanho que está”, disse o presidente.

Lula também criticou o que chamou de uma falsa rivalidade entre o agronegócio e a agricultura familiar e disse que os dois setores se complementam: “São duas coisas totalmente necessárias para o país. Não tem porque existir preconceito do grande com o pequeno ou do pequeno com o grande. O Brasil precisa dos dois porque os dois ajudam o Brasil”.

O petista ainda afirmou que defender o meio ambiente não é ser contra o agronegócio e que “quem quiser agir como bandido e só desmatar vai ter que sofrer as penas da lei”. Por fim, criticou o governo anterior por incentivar rivalidades e disse que precisa de todos para fazer o Brasil crescer.

“Joguem o ódio na lata do lixo, coloquem o coração para bater […]. É esse o mundo que precisamos porque o ser humano nasceu para viver em comunidade, ele não nasceu para para viver do ódio, para viver separado, para viver brigando. Nós não somos galos de briga.”

Os acenos de Lula ao agronegócio acontecem em meio embates com a bancada ruralista no Congresso Nacional, parte deles com derrotas para o governo federal.

A atuação da bancada ruralista foi determinante para esvaziar o ministério do Meio Ambiente, comandado por Marina Silva, durante a tramitação da medida provisória que reestruturou a Esplanada dos Ministérios.

Os ruralistas também tiveram outra vitória significativa ante a agenda ambiental na semana passada ao aprovarem o projeto de lei do marco temporal.

A tese do marco, defendida pela FPA (Frente Parlamentar Agropecuária), determina que as terras indígenas devem se restringir à área ocupada pelos povos na data da promulgação da Constituição Federal de 1988.

Em discurso na Bahia, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, não fez referências às derrotas do governo no Congresso e disse que a maior parte do agronegócio respeita as regras ambientais.

“Não vão colocar a pecha nos produtores brasileiros como criminosos que destroem o meio ambiente, não é essa a realidade. [São] poucos e temos que combater esses poucos que cometem crime ambiental e tiram a competitividade o respeito dos outros”, afirmou.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), defendeu a pacificação do campo, com convivência pacífica entre o agronegócio e a agricultura familiar, e disse que o setor produtivo não pode ser contaminado por disputas partidárias.

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