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Nísia toma posse como ministra da Saúde e crítica negação da ciência na gestão Bolsonaro

Nísia Trindade Lima é a primeira mulher a ocupar o cargo em quase 70 anos de história da pasta

A socióloga Nísia Trindade tomou posse como ministra da Saúde nesta segunda-feira (2). Ela ressaltou a importância da vacina e o trabalho em equipe. “Temos muita convicção na proteção das vacinas e lembro para os brasileiros completarem o esquema vacinal”, disse.

Ela ressaltou que a gestão será pautada pela ciência, pelo diálogo com a comunidade científica, e num esforço tripartite com o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e Conasems (Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde).

Nisia ressaltou a importância de uma política autônoma na produção local, e disse que o represamento de fila e tem que ser uma agenda do setor público. Além de destacar a importância da retomada das coberturas vacinais e do programa de imunizações.

“O presidente Lula tem reiterado a preocupação com represamento de exames, cirurgias eletivas e diversos procedimentos. Essa tem que ser uma agenda do estado, da sociedade e da academia. Da mesma forma, ao lado do ministérios da área econômica estaremos atuando para fortalecer a produção local e o complexo econômico industrial da saúde”, disse.

Nisia criticou o governo Bolsonaro e ressaltou a importância de trabalhar a ciência e religião de uma outra forma. Ela citou o educador Paulo Freire, que foi criticado por membros do governo Bolsonaro. Também citou o desmonte na saúde que a equipe de transição da saúde conseguiu mapear.

“Durante o governo que ontem se encerrou e nos trouxe período de obscurantismo de negação da ciência, cultura, dos valores que não gosto nem de denominar como civilizatório. Na tradição da pedagogia Paulo Freire, que gosto de chamar de valores antecipatórios, quero chamar a atenção da importância de trabalhar de uma outra forma a relação de religião e ciência, religião e sociedade”, disse.

Nísia Trindade Lima é a primeira mulher a ocupar o cargo em quase 70 anos de história da pasta.
Ela ingressa no momento em que o governo de transição vê um desmonte histórico no SUS, com perda de recursos, queda na cobertura vacinal e falta de coordenação com estados e municípios.

Graduada em ciências sociais, mestre em ciência política, doutora em sociologia, Nísia assumiu a presidência da Fiocruz em 2017. Ela é servidora da fundação desde 1987.

Eleita com 60% dos votos de trabalhadores, pesquisadores e professores da Fiocruz, foi a primeira mulher a presidir a centenária instituição, referência em ciência, saúde pública e tecnologia em saúde da América Latina.

Nísia liderou o acordo da Fiocruz com a AstraZeneca para a produção no Brasil de vacinas contra a Covid-19. Na gestão dela, a fundação ainda foi escolhida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como centro de desenvolvimento e produção de vacinas com a tecnologia de RNA mensageiro na América Latina.

Durante o evento, ela falou da nova estrutura do Ministério da Saúde. Como a Folha de S.Paulo antecipou, foi criada uma nova secretaria na pasta de Informação e Saúde Digital. Com isso, o Datasus (sistema de informática do SUS) seria direcionado para a nova área.

Também será criado o departamento de vigilância de DST, Aids e Hepatites Virais, o departamento de Imunização e o departamento de Saúde Mental.

Estiveram presentes na solenidade a ministra do Esporte, Ana Moser, o ministro de relações institucionais, Alexandre Padilha, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, ministra de Gestão e Inovação, Esther Dweck, e o ministro da Igualdade Racial, Edson Santos. Também estiveram presentes os ex-ministros da Saúde Humberto Costa e Nelson Teich, ministro da Educação, Damilo Santana, ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara.

Durante a posse, o conselho deliberativo da Fiocruz fez uma homenagem à Nísia. “Reforçou a equidade de gênero e raça na nossa instituição”, disse Marilda Souza Gonçalves. “Temos certeza que o Ministério da Saúde está recebendo um presente, um tesouro, cuidem bem dele”, reforçou.

VEJA OS NOVOS SECRETÁRIOS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
SECRETARIA-EXECUTIVA

Swedenberger do Nascimento Barbosa, assessor na Fiocruz-Brasília e professor na Escola de Governo Fiocruz (EGF) nos cursos de especialização em saúde coletiva e mestrado profissional em políticas públicas em saúde.

SECRETARIA DE INFORMAÇÃO E SAÚDE DIGITAL
Ana Estela Haddad, professora titular do departamento de ortodontia e odontopediatria da Faculdade de Odontologia da USP.

SECRETARIA DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Nésio Fernandes, presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e secretário de Saúde do governo do Espírito Santo.

SECRETARIA DE VIGIL NCIA EM SAÚDE E AMBIENTE
Ethel Maciel, professora do Departamento de Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo).

SECRETARIA DE ATENÇÃO ESPECIALIZADA À SAÚDE
Helvécio Miranda, médico, foi secretário nacional de Atenção à Saúde na gestão de Alexandre Padilha (PT) no Ministério da Saúde.

SECRETARIA DE GESTÃO DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE
Isabela Pinto, professora do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA (Universidade Federal da Bahia).

SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA E INSUMOS ESTRATÉGICOS
Carlos Gadelha, doutor em economia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), foi vice-presidente da Fiocruz e atuou em ministérios de Lula e de Dilma Rousseff (PT)

SECRETARIA DE SAÚDE INDÍGENA
Weibe Tapeba, coordenador da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Cear

Por Raquel Lopes

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