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FolhaPress

Operação da PF contra Ciro não foi ação política, dizem delegados críticos de Bolsonaro

A investigação teve início em 2017 e é conduzida por um delegado do Ceará

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A chance de ter havido uma interferência ou pedido de Jair Bolsonaro na operação que realizou buscas em endereços de Ciro e Cid Gomes é praticamente zero, dizem delegados experientes, incluindo críticos do presidente e da atual gestão da PF. A leitura é a de que, desde sempre, a classe política busca teorias da conspiração para justificar investigações que sofrem, tática que encontra campo fértil sob Bolsonaro, que age há três anos no sentido de tentar fragilizar as instituições.

A investigação, sobre fatos de 2010 a 2013, teve início em 2017 e é conduzida por um delegado do Ceará, com autonomia para traçar sua linha de apuração. Não é a primeira, nem será a última, operação deflagrada sobre episódios ocorridos há muito tempo. O pedido passa pelo Judiciário, que autorizou as medidas.

Se uma interferência está descartada, também não se risca a possibilidade de ter havido excesso ou de o caso ser frágil, com poucos indícios para sustentar uma busca, o que vai ficar mais claro na medida em que os elementos do inquérito se tornarem públicos.
A cúpula da PF, por exemplo, classificou a ação como lava-jatista, no sentido, dizem eles, de ser midiática e ter escolhido diligências ostensivas antes de outras mais básicas.

A direção da polícia vetou pedido para realização de entrevista coletiva que seria realizada no Ceará sobre a operação. A proibição, segundo dirigentes, foi para evitar maior exposição e uso político da investigação.
Apesar disso, no entanto, as declarações de Ciro Gomes foram consideradas oportunistas dentro da polícia. O pré-candidato culpou o “estado policial” de Bolsonaro por ter sido alvo de buscas.

Dirigentes lembram que, como revelou o Painel, o presidente da República foi intimado nesta semana a depor no inquérito sobre vazamento e, há alguns dias, Josimar Maranhãozinho (PL-MA) sofreu buscas logo após Bolsonaro se filiar à sigla de Valdemar Costa Neto.
Investigadores afirmam que é preciso esperar os desdobramentos das medidas cumpridas nesta quarta (15) contra Ciro e família para analisar a eficácia da investida.

Há, entretanto, na PF quem defenda maior cautela dos delegados para analisar o cenário político e social em que a apuração está inserida e o impacto que ela pode ter.
Esse debate, porém, sempre esbarra na autonomia do delegado em poder conduzir seus inquéritos de acordo com o seu entendimento do que é melhor para elucidação dos fatos apurados.

Por Camila Mattoso 

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